terça-feira, 4 de dezembro de 2018

O Fim da Internet - Artigo 13.


Oi gente, foi aprovada uma lei na União Europeia de põe em risco a liberdade expressão e todas plataformas digitais não só na Europa, mas no mundo inteiro. Confira Atentamente o vídeo abaixo!





Tempos sombrios avirão até para web. Preprem-se!

domingo, 25 de novembro de 2018

Livro Como as Democracias Morrem - Daniel Ziblatt e Steven Levitsky


Sinopse:
Uma análise crua e perturbadora do fim das democracias em todo o mundo Democracias tradicionais entram em colapso? Essa é a questão que Steven Levitsky e Daniel Ziblatt - dois conceituados professores de Harvard - respondem ao discutir o modo como a eleição de Donald Trump se tornou possível. Para isso comparam o caso de Trump com exemplos históricos de rompimento da democracia nos últimos cem anos: da ascensão de Hitler e Mussolini nos anos 1930 à atual onda populista de extrema-direita na Europa, passando pelas ditaduras militares da América Latina dos anos 1970. E alertam: a democracia atualmente não termina com uma ruptura violenta nos moldes de uma revolução ou de um golpe militar; agora, a escalada do autoritarismo se dá com o enfraquecimento lento e constante de instituições críticas - como o judiciário e a imprensa - e a erosão gradual de normas políticas de longa data. Sucesso de público e de crítica nos Estados Unidos e na Europa, esta é uma obra fundamental para o momento conturbado que vivemos no Brasil e em boa parte do mundo e um guia indispensável para manter e recuperar democracias ameaçadas.

Observando o cenário político
Em trecho da introdução de Como as democracias morrem, os autores Steven Levitsky e Daniel Ziblatt escrevem que “políticos norte-americanos agora tratam seus rivais como inimigos, intimidam a imprensa livre e ameaçam rejeitar o resultado das eleições”. A observação pode, facilmente, ser transposta para a realidade atual brasileira, sobretudo durante o acirramento da corrida pelo segundo turno das eleições presidenciais, quando o viés autoritário de uma das candidaturas se faz cada vez mais visível. O livro faz parte de uma leva recente de publicações que ajudam o leitor a compreender melhor o cenário político contemporâneo, dentro e fora do país.

E embora o contexto recente dos EUA, a partir da eleição de Trump, seja um dos pontos de partida para a argumentação do recém-lançado livro, a obra analisa evidências de colapso democrático e fortalecimento de movimentos autoritários em outras partes do mundo e outras épocas. O atual presidente norte-americano, aliás, é definido pelos autores como alguém "com aparente pouco compromisso no que diz respeito a direitos constitucionais e dono de claras tendências autoritárias".

Professores de ciência política na Universidade de Harvard, nos EUA, Levitsky e Ziblatt percorrem episódios como a ascensão do nazismo e fascismo na década de 1930, governos militares da América Latina entre os anos 1960 e 1970 etc. Enquanto a maior parte dos casos citados no livro teve atuação direta ou indireta de militares, por via de golpes ou coerção, a dupla de autores dedica atenção especial a governos autoritários postos no poder por meios democráticos.

"A via eleitoral para o colapso é perigosamente enganosa. Com um golpe de estado clássico, como no Chile de Pinochet, a morte da democracia é imediata e evidente para todos", escrevem os autores. "O palácio presidencial arde em chamas. O presidente é morto, aprisionado ou exilado. A Constituição é suspensa ou abandonada", complementam. "Na via eleitoral, nenhuma dessas coisas acontecem", observam, afirmando que, nesse contexto, os governantes eleitos "mantêm um verniz de democracia enquanto correm a sua essência".

Os autoritários eleitos, sugerem Levitsky e Ziblatt, realizam essa movimentação de maneira lenta, com medidas que podem, à primeira vista, serem pertinentes e legais. "São adotadas sob o pretexto de diligenciar algum objetivo público legitimo – e mesmo elogiável –, como combater a corrupção, 'limpar' as eleições, aperfeiçoar a qualidade da democracia ou aumentar a segurança nacional".

Situações de crise econômica ou agravamento de problemas sociais, como tem ocorrido nos últimos anos no Brasil, são propícias ao surgimento de candidatos com viés autoritário, asseguram os autores de Como as democracias morrem. E, com frequência, são figuras populistas, outsiders, como presidentes eleitos na Bolívia, no Equador, no Peru e na Venezuela nas últimas décadas, a exemplo de Alberto Fujimori, Hugo Chávez, Evo Morales, Lucio Gutiérrez e Rafael Correa. "Todos os cinco acabaram enfraquecendo as instituições democráticas".


domingo, 18 de novembro de 2018

Comentando sobre o filme Animais Fantásticos e os Crimes de Grindelwald


Cara que filme! Foi realmente mágico, uma história bem construída e envolvente que prende atenção até o ultimo segundo deixando um gostinho de quero mais para o terceiro filme. Dumbledore e Newt Scamander fazem uma dupla realmente poderosa. Neste longa fica claro a relação entre Dumbledore e Grindelwald e também explica muitas coisas que nos filmes anteriores ficavam meio soltas. Ao meu ver Dumbledore tem quase a mesma relação com Newt que tinha com Harry (se é que vocês me entendem, e adiantando a ordem cronológica das coisas). Foi nostálgico ver Hogwarts erguida décadas antes de ser destruída na batalha entre Harry e Voldermort, ver como a família Lestrange era problemática desde os primeiros descendentes. É interessante observar como as alianças foram formadas em momentos frágeis de cada personagem.

Neste filme, já é possível entender (mesmo de modo amplo) os motivos do comportamento do vilão. Tudo indica que os três longas futuros darão mais chão no que se refere ao que Grindelwald almeja, tais como motivações mais aprofundadas. O fato é que ele sabe muito bem como induzir seus potenciais seguidores a pensarem diferente e seguirem seu raciocínio – por mais que dê apenas um panorama geral da realidade que ele acredita ser a verídica. Ao contrário de Voldemort, que era violento em suas palavras e atos, o Grindelwald de Johnny Depp é tão esperto quanto meticuloso pois sabe exatamente qual será o peso de suas palavras. Sua persuasão pode parecer sutil aos olhos de alguns, mas é bem mais poderosa do que os feitiços que profere.



Também poderá gostar de: Comentando sobre o filme Jogador Nº 1.

domingo, 11 de novembro de 2018

Livro A memória do mar - Khaled Hosseini



Um pai embala o filho enquanto contempla a noite em uma praia, à espera do amanhecer que trará o barco que os levará a uma nova vida do outro lado do Mediterrâneo. O homem conta para o menino sobre as lembranças da Síria de sua infância, um país encantador que foi destruído pela guerra, obrigando não apenas aquela pequena família, mas milhares de outras, a juntar todos os seus pertences e embarcar rumo ao desconhecido.

Publicada em edição ricamente ilustrada, a obra é inspirada na história de Alan Kurdi, o refugiado sírio de três anos de idade que se afogou no mar Mediterrâneo quando tentava chegar à segurança na Europa. Escrita com toda a sensibilidade de Khaled Hosseini, A memória do maré uma obra de amor e esperança.

Novo livro de Khaled Hosseini, autor do best-seller O caçador de pipas, A memória do mar é uma prece de amor e esperança

Sobre o autor
Khaled Hosseini é um dos romancistas mais lidos de todo o mundo. Nasceu em Cabul, filho de uma professora e um diplomata e, por isso, mudou-se muitas vezes para outros países quando criança. Até que, em 1980, quando a família preparava-se para retornar à vida na capital do Afeganistão, o país sofreu um golpe de Estado e Khaled foi obrigado ao exílio nos Estados Unidos, onde vive até hoje. Autor dos best-sellers O caçador de pipas e A cidade do Sol, Khaled tem seus livros editados em mais de 70 países. Foi nomeado Representante Voluntário do Alto Comissariado de Refugiados das Nações Unidas (UNHCR), a Agência de Refugiados da ONU, em 2006. Inspirado por uma viagem que fez ao Afeganistão com o órgão, Hosseini criou a Fundação Khaled Hosseini (www.khaledhosseinifoundation.org), uma instituição sem fins lucrativos que oferece assistência humanitária aos afegãos.

domingo, 4 de novembro de 2018

Livro O Mundo que Não Pensa por Flanklin Foer.


Quando foi a última vez que você decidiu, por si próprio, o que comprar, que amigo adicionar à sua vida, como passar o seu tempo livre e, principalmente, o que pensar sobre o mundo que vivemos? Escrito pelo jornalista Franklin Foer, O mundo que não pensa, um dos livros mais aclamados e polêmicos dos últimos anos, mostra o lado sombrio e preocupante da tecnologia do nosso cotidiano. Para o autor, estamos terceirizando nossas capacidades intelectuais para empresas como Apple, Google e Facebook, dando origem a um mundo onde a vida social e política passa a ser cada vez mais automatizada e menos diversa.

Foer afirma que nós, os homo sapiens, chegamos a um momento da evolução em que começamos a deixar para trás a característica que mais nos diferenciou das outras espécies: o fato de sermos capazes de pensar, imaginar, refletir e conhecer. No esteio da nossa própria inteligência, com as descobertas e invenções espetaculares das últimas décadas, houve uma verdadeira revolução no controle do conhecimento e da informação, mas essa mudança brusca e vertiginosa coloca em perigo a maneira como pensamos e, em última instância, o que somos.

Compramos on-line, pulamos de uma tela para a outra nos nossos smartphones, confiamos nas informações do Google e socializamos no Facebook e no Instagram. Essas empresas e sua tecnologia se apresentaram a todos nós como guardiãs do nosso individualismo e fomentadoras do pluralismo, mas, na verdade, seus algoritmos nos pressionaram à conformidade e devastaram a nossa privacidade. Hoje, somos um mundo que não pensa.

Com um texto inteligente, perspicaz, claro e elegante, herdeiro da melhor tradição do jornalismo, Franklin Foer, que vem sendo comparado a George Orwell, traça a história da ciência da computação desde René Descartes e o Iluminismo, passando pelo matemático Alan Turing, que formalizou o conceito de algoritmo, e chegando aos hippies do Vale do Silício. Ele revela os tentáculos sorrateiros de nossos mais idealísticos sonhos tecnológicos, que estão levando a uma homogeneização social, política e intelectual da vida. Até agora poucos entenderam a gravidade dessa ameaça, do perigo real e eminente da extinção da nossa espécie – o que faz de O mundo que não pensa uma leitura urgente e fundamental.


Em livro revelador, jornalista explica como a tecnologia vem afetando a capacidade intelectual da humanidade e coloca nossa existência em perigo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Livro Breves Respostas para Grandes Questões - Stephen Hawking


Desde Einstein, o mundo não via um cientista tão reverenciado quanto Stephen Hawking. Com seu trabalho revolucionário em física e cosmologia, ele encantou milhões de leitores com a origem do universo e a natureza dos buracos negros, além de inspirar todos pela coragem e determinação que mostrou em sua luta contra a doença do neurônio motor. Agora, nesta reunião póstuma de seus trabalhos, podemos conhecer seus pensamentos a respeito das grandes questões que povoam nossas mentes desde os primórdios e daquelas mais prementes na atualidade.
Somos conduzidos assim a suas reflexões sobre a origem do universo, a existência de Deus e a natureza do tempo, assuntos sempre submetidos a seu intelecto afiado de cientista. Aliado à curiosidade que o impulsionou por toda a vida, ele projeta seu olhar também para o futuro, buscando soluções para problemas que ameaçam hoje o mundo como o conhecemos, tais como o aquecimento global, a fome e a urgência de um desenvolvimento sustentável.
Com prefácio de Eddie Redmayne — que ganhou o Oscar por interpretar Hawking no cinema —, introdução do Nobel de física Kip Thorne e posfácio comovente de Lucy Hawking, sua filha, Breves respostas para grandes questões não é apenas a última mensagem de um grande gênio: é seu presente final para a humanidade.

Pré - venda nas melhores livrarias.
Laçamento: 14/11/2018.

domingo, 14 de outubro de 2018

Nova série Titans estreia na Netflix.


Sinopse
A série Titans gira em torno de um grupo de jovens aspirantes a heróis do universo da DC Comics. Dick Grayson, provavelmente mais conhecido pelo seu alter-ego 'Robin', é o protagonista, que sai das sombras de Batman para se tornar o Nightwing, ou Asa Noturna, líder de um grupo de novos heróis que inclui Estelar, a Ravena, Muatano e muitos outros. É transmitida pelo serviço stream da DC Universe, e no Brasil pela Netflix.

Opinião
Apesar de não ser a mais a aclamada, teve sua esteia sem muita agitação, digamos que pode-se dar uma chance a série. Assisti e gostei do esforço que a DC está fazendo sem falar que tem muito atores legais e conhecidos. Penso que tal estranhamento do público é que o episodio de estreia foi meio sombrio e tortuoso muito diferente do que estão acostumados a ver na tv, e nos quadrinhos. A série mal estreou (12/10) e a Dc já confirmou a segunda temporada.



segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Desvendando o Tabu: Declínio da Inteligência Humana.


   
     Discussões inúteis, intermináveis, agressivas. Gente defendendo as maiores asneiras, e se orgulhando disso. Pessoas perseguindo e ameaçando as outras. Um tsunami infinito de informações falsas. Reuniões, projetos, esforços que dão em nada. Decisões erradas. Líderes políticos imbecis. De uns tempos pra cá parece que o mundo está mergulhado na burrice. Você já essa sensação? Talvez não seja só uma sensação. Estudos realizados com dezenas de milhares de pessoas, em vários países, revelam algo inédito e assustador: aparentemente, a inteligência humana começou a cair.
     Os primeiros sinais vieram da Dinamarca. Lá, todos os homens que se alistam no serviço militar são obrigados a se submeter a um teste de inteligência: o famoso, e o mesmo tempo misterioso, teste de QI. Os dados revelaram que, depois de crescer sem parar depois do século 20, o quociente de inteligência dos dinamarqueses virou o fio, e em 1998 iniciou uma queda contínua: está descendo 2,7 pontos a cada década. A mesma coisa está acontecendo na Holanda (onde tem sido observada queda de 1,35 ponto por década), na Inglaterra (2,5 a 3,4 de QI a menos por década, dependendo da faixa etária analisada), e na França (3,8 perdidos por décadas). Noruega, Suécia e Finlândia – bem Alemanha e Portugal, onde foram realizados estudos menores – detectam efeito similar.
     “Há um declínio contínuo na pontuação do QI ao longo do tempo. E é um fenômeno real, não um simples desvio”, diz o antropólogo inglês Edward Dutton, autor de uma revisão analítica das principais pesquisa já feitas a respeito. A regressão pode parecer lenta; mas, sob perspectiva histórica, definitivamente não é. No atual ritmo de queda, alguns países poderiam regredir para QI médio de 80 pontos, patamar definido como “baixa inteligência” já na próxima geração de adultos. Não há dados a respeito no Brasil, mas nossos indicadores são terríveis. Um estudo realizado neste ano pelo Ibope Inteligência com 2 mil pessoas revelou que 29% da população adulta é analfabeta funcional, ou seja, não consegue ler sequer um cartaz ou um bilhete. E o número de analfabetos absolutos, que não consegue ler nada, cresceu de 4% para 8% nos últimos três anos.
     No caso brasileiro, a piora pode ser atribuída á queda nos investimento na educação, que já são baixos (o país gasta US$ 3.800 anuais com cada aluno do ensino básico, menos da metade da média das nações da OCDE) e têm caído nos últimos anos. Mas como explicar aparente proliferação da burrice mesmo entre foi a escola? O primeiro passo é entender a base da questão: o que é, e como se mede a inteligência.

De 0 a 160
     O primeiro teste de QI (quociente de inteligência) foi elaborado em 1905, pelos psicólogos franceses Alfred Binet e Théodore Simon, para identificar crianças com algum tipo de deficiência mental. Em 1916, o americano Lewis Terman, da  Universidade Stanford, aperfeiçoou o exame, que acabou sendo adaptado e usados pelos EUA, na 1ª Guerra Mundial, para avaliar os soldados. Mas o questionário tinha vários problemas – a começar pelo fato de que ele havia sido desenvolvido para aferir deficiência mental em crianças, não medir a inteligência de adultos. Inconformado com isso, o psicólogo romeno-americano David Wechsler resolveu começar do zero. E, em 1955, publicou o WAIS: Wechsler Adult Intelligence Scale, exame que se tornou o teste de QI mais aceito entre os psicólogos, psiquiatras e demais pesquisadores da cognição humana (só neste ano, foi realizado ou citado em mais de 900 estudos sobre o tema).
     Ele leva em média 1h30, e deve ser aplicado por um psicólogo. Consiste numa bateria de perguntas e testes que avaliam 15 tipos de capacidade intelectual, divididos em quatro eixos: compreensão verbal, raciocínio, memória e velocidade de processamento. Isto inclui teste de linguagem (o psicólogo diz, por exemplo: ”defina o termo abstrato”, e avalia a rapidez e a complexidade da sua resposta), conhecimentos gerais, aritmética, reconhecimentos de padrões (você vê uma sequência de símbolos, tem de entender a relação entre eles e indicar o próximo), memorização avançada, visualização espacial – reproduzir formas 3D usando blocos de madeira – e outros exercícios. O grau de dificuldade do exame é cuidadosamente calibrado para que a média das pessoas marque de 90 a 110 pontos. Esse é o nível que indica inteligência normal, média. Se você fizer mais de 130 pontos, é enquadrado na categoria mais alta, de inteligência “muito superior” (a pontuação máxima é 160).
     Mas é preciso encarar esses números em sua devida perspectiva. O teste de QI não diz se uma pessoa vai ter sucesso na vida, nem determina seu valor como indivíduo. Não diz se você é sensato, arguto ou criativo, entre outras dezenas de habilidades intelectuais que um ser humano pode ter. O ele faz é medir a cognição básica, ou seja, sua capacidade de executar operações mentais elementares, que formam a base de todas as outras. É um mínimo denominador comum. E, por isso mesmo pode ajudar a enxergar a evolução (ou involução) da inteligência.
     Ao longo do século 20, o QI aumentou consistentemente no mundo todo – foram três pontos a mais por década em média. É o chamado “efeito Flynn”, em alusão ao psicólogo James Flynn, que o identificou documentou. Não foi difícil de entender essa evolução. Melhore a saúde a nutrição e a educação das pessoas, elas naturalmente se saíram melhor em qualquer teste de inteligência. O QI da população japonesa, por exemplo, chegou a crescer 7,7 pontos por década após 2ª Guerra Mundial; uma consequência direta da melhora nas condições de vida por lá. Os cientistas se referem ao efeito atual, de queda de inteligência, como “efeito Flynn reverso”. Como explica-lo?

Involução natural
     A primeira hipótese é a mais simples, e a mais polemica também. “A capacidade cognitiva é fortemente influenciada pela genética. E as pessoas com alto nível delas vêm tendo cada vez menos filhos”, afirma o psicólogo Michael Woodley, da Universidade de Umeã, na Suécia. Há décadas a ciência sabe que boa parte da inteligência (a maioria dos estudos fala em 50%) é hereditária. E levantamentos feitos em mais de cem países, ao longo do século 20, constatam que há uma relação inversa entre QI e taxa de natalidade. Quanto mais inteligente uma pessoa é, menos filhos ela acaba tendo, em média. Some uma coisa a outra e você concluirá que, com o tempo, isso tende a reduzir a proporção de pessoas altamente inteligentes na sociedade. Trata-se de uma teoria controversa, e com razão. No passado, ela levou a eugenia, uma pseudociência que buscava o aprimoramento da raça humana por meio de reprodução seletiva e esterilização de indivíduos julgados incapazes. Esses horrores ficaram para trás. Hoje ninguém proporia tentar “melhorar” a sociedade obrigando os mais inteligentes a ter mais filhos – ou impedindo as demais pessoas de ter.
     Mais isso não significa que a matemática das gerações não possa estar levando a algum tipo de declínio na inteligência básica. Inclusive pela pr´pria evolução da sociedade, que tornou a vida mais fácil. “Um caçador-coletor que não pensasse numa solução para conseguir comida e abrigo provavelmente morreria, assim como seus descendentes”, escreveu o biólogo Gerald Crabtree, da universidade Stanford, em um artigo recente. “Já um executivo de Wall Street que cometesse um erro similar poderia até receber um bônus”. Crabtree é um radical. Ele acha que a capacidade cognitiva pura, ou seja, o poder que temos de enfrentar um problema desconhecido e supera-lo, atingiu o ápice a milhares de anos e de lá pra cá só caiu – isso teria sido mascarado pelo evolução tecnológica, em que as inovações são realizadas por enormes grupos de pessoas, não gênios solitários. Outros pesquisadores, como Michael Woodley, endossam essa tese: dizem que o auge da inteligência ocorreu há cerca de cem anos.
     Os fatos até parecem confirmar essa tese (Einstein escreveu a relatividade sozinho, já o iPhone é projetado por milhares de pessoas, 800 engenheiros trabalhando só na câmera), mas ela tem algo de falacioso. A humanidade cria e produz coisas cada vez mais complexas – e é por essa complexidade, não por uma suposta queda de inteligência individual, que as grandes invenções envolvem o trabalho de mais gente. Da mesma forma, as sociedade modernas permitem que pessoas abrace uma profissão e se especialize nela, deixando as demais tarefas para os outros profissionais, ou a cargo de máquinas.
     E não há nada de errado nisso. Mas há quem diga que o salto tecnológico dos últimos 20 anos, que transformou nosso cotidiano, possa ter começado a afetar nossa inteligência humana. Tal vez aí esteja a explicação para o “efeito Flynn reverso” – que começou justamente neste período, e se manifesta em países desenvolvidos onde o padrão de vida é mais igualitário e estável (sem diferenças ou oscilações que podem mascarar a redução de QI).
     “Hoje, crianças de 7 ou 8 anos já crescem com o celular”, diz Mark Bauerlein, professor da Universidade de Emory, nos EUA, e autor do livro Dumbest Generation (“A Geração mais Burra”, não lançado em português). “É nessa idade que as crianças deveriam consolidar o hábito de leitura, para adquirir vocabulário”. Pode parecer papo de erudita, mas há indícios que o uso de smartphones e tablets na infância já esteja causando efeitos negativos. Na Inglaterra, por exemplo, 28% das crianças da pre- escola (4 e 5 anos) não sabem se comunicar utilizando frases completas, no nível que seria normal para essa idade. Segundo educadores, isso se deve ao tempo que elas ficam na frente de TVs, tablets e smartphones. O problema é considerado tão grave que o governo anunciou um plano para reduzir esse índice pela metade até 2028 – e o banimento de smartphones nas escolas é uma das medidas em discursão. O efeito também é observado em adolescentes. Nos principais exames que os americanos fazem para entrar na faculdade, o SAT e o ACT, o desempenho médio vem caindo. Em 2016, a nota na prova de interpretação de texto do SAT foi a mais baixa em 40 anos.

     As pessoas nuca leram e escreveram tanto; mas estão lendo e escrevendo coisas curtíssimas, em seus smartphones. Um levantamento feito pela Nokia constatou que os americanos checam o celular em média 150 vezes por dia. Dá uma vez a cada seis minutos, ou seja, é como se fosse um fumante emendando um cigarro no outro. E esse dado de 2013; hoje é provável que o uso seja ainda maior. A onda preocupa até a Apple e a Google, que estão incluindo medidores de uso nas novas versões do IOS e do Android – para que você possa saber quantas vezes pega o seu smartphone, e quanto tempo gasta com ele, a cada dia.
     A mera presença do celular, mesmo desligado, afeta a nossa capacidade de raciocinar. Adrian Ward, professor da Universidade do Texas, constatou isso ao avaliar o desempenho de 548 estudantes em três situações: com o celular na mesa, virado para baixo; com o aparelho no bolso ou na bolsa; e com o celular em outra sala. Em todos os casos o celular ficou desligado. Mas quanto mais perto ele ficava da pessoa, pior o desempenho dela. “Você não está pensando no celular. Mas ele consome parte dos recursos cognitivos. É como um dreno cerebral”, Conclui Ward.
     Outra hipóteses é que o uso intensivo nas redes sociais, que são projetadas para consumo rápido (passamos poucos segundos lendo cada post) e consomem boa parte do tempo (cada brasileiro gasta 3h39 min. por dia nelas, segundo pesquisas feita pela empresa GlobalWebIndex), esteja corroendo nossa capacidade de prestar atenção nas coisas. Você já deve ter sentido isso: parece cada vez mais difícil ler um texto, ou até mesmo ver um vídeo no YouTube, até o final. E quando assistimos algo mais longo, como um filme ou uma série na Netflix, geralmente nos esquecemos logo. São duas faces da mesma moeda. Levar no bolso a internet, com seu conteúdo infinito, baniu o tedio da vida humana. Mas, justamente por isso, também pode ter nos tornado mais impacientes, menos capazes de manter o foco.
     Se prestarmos menos atenção ás coisas, elas obrigatoriamente têm de ser mais simples. Esse efeito se manifesta nos campos mais distintos, da música aos pronunciamentos políticos. Cientistas do Instituto de Pesquisas em Inteligência (IIIA), na Espanha, analisaram em computador 460 mil faixas lançadas nos últimos 50 anos, e concluíram que a música está se tornando menos complexa e mais homogênea. Houve uma redução de 60% na quantidade de timbres (com menor variedade de instrumentos e técnicas de gravação), e de 50% na faixa dinâmica (variação de volume entre as partes mais baixas e nas partes mais altas de cada música). Tudo soa mais parecido – e mais simples.
     Essa simplificação também é visível no discurso político. Um estudo da Universidade de Carnegie Mellon, nos EUA, constatou que os políticos americanos falam como crianças. A pesquisa analisou o vocabulário e a sintaxe de cinco candidatos á última eleição presidencial (Donald Trump, Hillary Clinton, Ted Cruz, Marco Rubio e Bernie Sanders), e constatou que seus pronunciamentos têm um nível verbal de criança de 11 a 13 anos. Os pesquisadores também analisaram os discursos de ex-presidentes americanos, e encontraram um declínio constante. Abraham Lincoln se expressava no mesmo nível de um adolescente de 16 anos. Ronald Reagan, 14. Obama e  Clinton, 13. Trump, 11. (O lanterna é George W. Bush, com vocabulário de criança de 10 anos.)
     Isso não significa que os músicos sejam incompetentes e os políticos sejam burros. Eles estão sendo pragmáticos, e adaptando suas mensagens ao que seu público consegue entender – e, principalmente estamos dispostos a ouvir. Inclusive porque esse é outro pilar da burrice moderna: viver dentro de uma bolha que confirma suas crenças, e nunca mudar de opinião. Trata-se de um comportamento irracional, claro.

Os limites da razão
     Você certamente já com uma pessoa irracional, que manteve a própria opinião mesmo diante dos argumentos mais irrefutáveis. É uma fenômeno normal, que os psicólogos chamam de “viés de confirmação”: a tendência que a mente tem de abraçar informações que apoiam suas crenças, e rejeitar dados que as contradizem.
     Isso ficou claro num estudo famoso, e meio macabro, realizado em 1975 na Universidade de Stanford. Cada participante recebeu 25 bilhetes suicidas (que pessoas deixaram antes de se matar), e tinham que descobrir quais deles eram verdadeiros e quais eram falsos. Alguns voluntários logo identificaram os bilehetes falsos, forjados pelos cientistas. Outros quase sempre se deixavam enganar. Então os pesquisadores dividiram os participantes em dois grupos: um só com as pessoas que tinham acertado, e outros só com os que tinham errado.
     Só que era tudo pegadinha. Os cientistas haviam mentido sobre a pontuação de cada pessoa. Eles abriram o jogo sobre isso, e então pediram a que cada um avaliasse o seu próprio desempenho. Aconteceu o seguinte. Quem havia sido colocado no “grupo dos bons” continuou achando que tinha ido bem (mesmo nos casos que havia ido mal); já os do outro grupo se deram notas baixas, fosse qual fosse sua nota real. Conclusão: a primeira opinião que formamos sobre uma coisa é muito difícil de derrubar – mesmo com dados concretos. Esse instinto de “mula empacada” afeta até os cientistas, como observou o psicólogo Kevin Dunbar, também de Stanford. Ao compartilhar a rotina de um laboratório de microbiologia durante um ano, ele viu que cientistas iniciam suas pesquisas com uma tese e depois fazem testes para comprova-la, desconsiderando outras hipóteses. “Pelo menos 50% dos dados encontrados em pesquisas são inconsistentes com a tese inicial. Quando isso acontece, os cientistas refazem os experimentos mudando detalhes, como a temperatura, esperando que dado estranho desapareça”, diz Dunbar. Só uma minoria investiga resultados inesperados (justamente o caminho que muitas vezes leva a grandes descobertas).
     Quanto mais você está comprometido com uma teoria, mas você tende a ignorar evidencias contrárias. “Há informações demais a nossa volta, e os neurônios precisam filtra-las”, afirmar Dunbar. Há até uma região no cérebro, o córtex pré-frontal dorsolateral, cuja função é suprimir informações que a mente considere “indesejadas”. Tem mais: nosso cérebro libera uma descarga de dopamina, neurotransmissor ligado á sensação de prazer, quando recebemos informações que confirmam nossas crenças. Somos programados para não mudar de opinião. Mesmo que isso signifique acreditar em coisas que não são verdade.
     Nosso cérebro é tão  propenso a irracionalidade que há quem acredite que a própria razão como nós conhecemos (o ato de pensar fria e objetivamente, para encontra a verdade e resolver problemas) simplesmente não exista. “A razão tem duas funções: produzir motivos para justificar a si mesmo e gerar argumentos para convencer os demais”, dizem os cientistas cognitivos Hugo Mercier e Dan Sperber, da Universidade Harvard, no livro The Enigma of Reason (O Enigma da Razão, não lançado em português). Eles dizem que a razão é relativa, altera-se conforme o contexto, e sua grande utilidade é construir acordos sociais – custe o que custar.
     Na pré-história, isso fazia todo sentido todo o sentido. Nossos ancestrais tinham que criar soluções para problemas básicos de sobrevivência, como predadores e falta de alimento, mas também precisavam lidar com os conflitos inerentes à vida em bando (se eles não se mantivessem juntos, seria difícil viver). Só que o mundo de hoje, em que as pessoas opinam sobre todos os assuntos nas redes sociais, deu um nó nesse instrumento. “Os ambientes modernos distorcem a nossa habilidade de prevê desacordos entre indivíduos. É um dos muitos casos em que o ambiente mudou rápido demais para que a seleção natural pudesse acompanhar”, dizem Mercier e Sperber.
     Para piorar, a evolução nos pregou outra peça, ainda mais traiçoeira: quase todas as pessoas se acha mais inteligente que as outras. Acha que toma as melhores decisões e sabe mais sobre rigorosamente todos os assuntos, de política a nutrição. É o chamado efeito Dunning-Kruger, em alusão aos psicólogos americanos David Dunning e Justin Kruger, autores dos estudos que o comprovam. Num deles, 88% dos entrevistados disseram dirigir melhor que a média. Em outro, 32% dos engenheiros de uma empresa afirmaram estar entre os 5% dos competentes. Pesquisas posteriores revelam que, quanto mais ignorante você é sobre um tema, mais tende acreditar que o domina. No tempo das savanas isso poderia ser até bom. “A curto prazo, dá mais autoconfiança”, afirma Dunning. Agora aplique essa lógica ao mundo de hoje, e o resultado será o mar de conflitos que tomou conta do dia a dia. A era da cizânia – e da burrice.
      Ela pode ser desesperadora. Mas nada indica que seja um caminho sem volta. Nos 300 mil anos da história homo sapiens, estamos apenas no mais recente – e brevíssimo – capitulo. Tudo pode mudar; e, como a história ensina, muda. Inclusive porque a inteligência humana ainda não desapareceu.

Vamos pensar por si próprio sem usar a tecnologia como muleta. Fica a dica!

Indicação completar: filme Idiocracia.


Fonte: super interessante nº 394
A era da burrice
por Eduardo Szklarz e Bruno Garattoni
 

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