domingo, 24 de março de 2019

Não ao porte de armas, sim ao porte de livros

 
Lamentavelmente, quando a maioria dos votos úteis elegeu um defensor do uso das armas presidente do Brasil, enxergando a liberação das armas como uma eficiente estratégia de salvação da nação – pelo menos no que diz respeito à segurança –, uma espécie de autorização da tragédia de Suzano é assinada. Não obstante dizer, é claro, a referida tragédia choca, inclusive, aos que são a favor do porte de armas. No entanto, para estes é inexistente a percepção de que um episódio trágico como este não pode, de modo algum, ser percebido isoladamente. Citar os dados de tragédias como estas nos EUA é exercício frequente nas reflexões sobre o desarmamento; podemos, porém, fazer referência ao próprio Brasil para analisar e pontuar a discussão. Nosso país, apesar de uma história (desde enquanto colônia) violenta e números altíssimos de mortes por uso de arma de fogo, não tem muitos casos de atentados como vimos em Suzano esta semana. Podemos considerar que, até o ocorrido em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro, em 2011, não tínhamos tido o espaço da escola como cenário para tragédias como essa. A onda de conservadorismo que vem encobrindo o Brasil tem em suas franjas uma forte carga de violência.

Conhecemos, infortunadamente, diversos casos de violência contra professores e agressões entre os próprios alunos, mas um acontecimento como o de Realengo e, agora, o de Suzano, são casos que precisam ser pensados a partir do incentivo a práticas violentas. Por conseguinte, o triste episódio há de ter que nos fazer acender uma luz para olhar o espaço da escola com o respeito e a necessidade de preservação inerentes (ou que deveriam sê-lo), a ambientes de formação e práticas de cidadania. Não será com blindagem ou detector de metais, menos ainda com a troca de educadores por vigias, mas sim com os esforços voltados um processo reeducacional e psicológico de nossos alunos. Trabalhar, assim, o empoderamento das nossas crianças, por meio do reforço da autoestima. Convidar as nossas crianças e jovens ao mundo mágico da imaginação, reforçando suas capacidades criativas. É este o melhor modo de aperfeiçoar o aprendizado e afastar a violência das escolas, não reformulando o currículo com a retirada de disciplinas, ou ainda com a propagação de uma escola sem partido, cujo partido, na verdade, é o conservadorismo e a alienação. O investimento público em livros e em práticas a favor da leitura é indispensável para esta reeducação e reestrutura.

Se aprendemos com Foucault que o sujeito é sempre o resultado de uma prática, noutras palavras, que o sujeito é sempre fabricado, a ampliação de ações pró-livro e leitura reverberará, obviamente, em mais livros e em mais leitura. Logo, a propagação de uma política que apoia o armamento, como temos visto na história recente do nosso país, constituirá sujeitos violentos. Cenário perfeito para a barbárie e a calamidade se estabelecendo. A equação é bem fácil de ser montada, visualizada e entendida, apesar de parte significativa do poder público estar de olhos fechados para esta situação.

O que precisamos é de um MEC fortíssimo e atento para que nossos alunos tenha um ensino de qualidade, em que o respeito ao outro seja sua base de ensino. Infelizmente, o que temos visto é um ministério inconsistente e esdrúxulo, que, entre outras incompetências, não consegue cumprir seu compromisso com o edital do PNLD Literário. Esse cenário acentua a crise do setor editorial, mas, obviamente, terá reflexos nos alunos e nos trabalhos dos professores neste ano letivo, o que, certamente será refletido nos próximos anos também – já que a educação se faz ao longo de um processo.

Blindagem e segurança podem ser difíceis de ser bloqueadas, mas não são, no entanto, intransponíveis. Por outro lado, ações educativas, tencionado a melhoria do desempenho escolar, e, obviamente, investindo em leitura, estão entre os principais pilares de um trabalho de prevenção à violência em todos os níveis, tanto no espaço doméstico como em casos semelhantes ao atendado em massa cuja notícia nos assolou esta semana. Professores devem estar armados de livros e de boas condições salariais para educar os alunos, não de armas de fogo, como sugerido esta semana por um deputado. Opiniões como a deste político democraticamente eleito fazem com que a assertiva de Darcy Ribeiro sobre a crise da educação se tratar de um projeto seja, dia após dia, atualizada para uma realidade inexorável.


Não há nenhum dado original neste artigo, nem mesmo uma ideia que não tenha sido pensada. A falta de originalidade deste texto, portanto, me faz pensar que não sou a única otimista a acreditar que, com esforço, podemos mudar o cenário horroroso que nos é apresentado enquanto futuro de pátria – palavra que tem sido muito usada e pouco respeitada. É preciso, no entanto, que não sejam equipes de párias (se me permitem o trocadilho) néscios que assumam as lideranças das áreas de educação e cultura. Forçosamente precisamos de uma união de todos os que pertencem ao mundo livreiro para que uma política de porte de livros vença a instauração de um ambiente em que o porte de armas seja uma triste realidade.

domingo, 10 de março de 2019

Livro Tolos e Mortais - Bernard Cornwell.

No coração da Inglaterra elisabetana, o jovem e atraente Richard Shakespeare sonha em fazer carreira na cena teatral de Londres, um universo dominado por seu irmão mais velho, o ilustre dramaturgo William Shakespeare. Mas Richard não tem um tostão nem apoio de seu irmão, que, em vez de o acolher, entrega-o aos cuidados de Sir. Godfrey, um clérigo cruel e pervertido que treina meninos para furtar e encenar. Com um rostinho bonito, carisma e talento, Richard ingressa na companhia de teatro de Shakespeare, representando, muito a contragosto, papéis femininos. A relação dos irmãos, no entanto, é marcada por constante tensão, e, cada vez mais distantes, à medida que William alcança a fama, Richard se vê tentado a romper em definitivo a lealdade fraternal. Então, quando um precioso manuscrito desaparece misteriosamente, as suspeitas recaem, evidentemente, sobre o caçula. Preso em um perigoso esquema de traição e desonestidade, Richard, sem saída, com sua carreira e até mesmo a vida de seus colegas em jogo, embarca em uma aventura épica na excitante — porém traiçoeira — Londres elisabetana para resgatar os valiosos escritos e reconquistar a confiança da trupe.

Opinião


Em Tolos e Mortais, ao invés de termos grandes batalhas, guerras, paredes de escudos e muita violência, temos teatro!

O livro aborda fatos históricos com fictícios, e faz muito bem, pois me deixou imerso na época apresentada, e muito disso é graças a narrativa e a naturalidade dos diálogos. A narrativa é em primeira pessoa, na visão de Richard, que te deixa ciente muito bem do que está acontecendo, tanto dizendo coisas que ficou sabendo depois ou que percebeu quanto casualmente comentando fatos históricos de sua época. Isso é um truque que Cornwell usa para deixar o leitor ciente sobre comportamentos e o jeito que as pessoas viviam em um certo período.

Os personagens secundários não são muito construídos, apesar de haver uma distinção de personalidade bem visível entre eles. Eu diria que muito disso vem do próprio Richard, que acaba dando mais ênfase a quem afeta ele diretamente, o resto só restam comentários e diálogos e só receberam uma descrição muito genérica de como eles se parecem.

Cornwell retrata muito bem e sempre traz a questão de religião em seus livros, e neste novo capítulo histórico da Inglaterra, ele deu lugar ao protestantismo, e junto com ele foi retratado a perseguição dos protestantes contra os católicos. Contudo, em Tolos e Mortais, a questão religiosa foi bem mais fraca do que normalmente é em seus livros e só foi ganhar um pouco de importância no final.

Uma coisa que eu gostei foi que as ações que os personagens fizeram só teve importância entre eles, pois em Tolos e Mortais não temos um povo invasor vindo saquear e conquistar um reino ou um rei precisando de ajuda para ganhar um batalha. Ao invés disso, há um grupo tentando salvar seu teatro, e isso é uma luta que se mostrou tão digna quanto qualquer outra.


domingo, 3 de março de 2019

[Curiosidades] Filme O Homem que Matou Hitler e o Pé - Grande


 Depois de fazer muito sucesso no Fantasia Film Festival, em Montreal, no Canadá, em junho passado, The Man Who Killed Hitler and Then The Bigfoot (O Homem Que Matou Hitler e Depois o Pé-Grande) finalmente ganhou um trailer e data de lançamento em plataformas digitais e também em alguns cinemas.

Apesar do título que pode remeter a filmes como Sharknado, O Homem Que Matou Hitler e Depois o Pé-Grande é um misto de drama histórico e épico de aventura e tem como protagonista o veterano Sam Elliott, de Nasce Uma Estrela. O filme recebeu entusiasmadas críticas por parte da imprensa especializada, com 92% de aprovação no Rotten Tomatoes.

Sam Elliot interpreta Calvin Barr, um esquecido mas lendário herói de guerra que, no passado, foi o responsável pela morte de Adolf Hitler. Levando uma vida pacífica na Nova Inglaterra, o veterano é contactado pelo FBI e a Polícia Montada do Canadá para liderar a busca a uma criatura que carrega uma praga mortal e que está escondida nas profundezas da floresta canadense.

O Homem Que Matou Hitler e Depois o Pé-Grand, com roteiro e direção de Robert D. Krzykowski, tem no elenco Aidan Tuner, Caitlin Fitzgerald, Sean Bridgers, Ron Livingston. A estreia nos cinemas dos EUA está marcada para 08 de fevereiro. Sem previsão de estreia no Brasil.