domingo, 22 de dezembro de 2019

Comentando sobre o filme: Star Wars - Ascenção Skywalker.


Star Wars fecha mais um ciclo e encerra a tão lendária saga.

Star Wars - Ascensão Skywalker costura as histórias e teórias que foram abertas em 'O despertar da força', sendo assim, encerrando o último ciclo. O longa praticamente anula o oitavo filme da franquia (Star Wars - O último jedi) fazendo só uma brevíssima alusão e tendo como principal referencia 'O despertar da força'. Há rumores que essa reviravolta foi por causa de diretores distintos. Um fim previsto há muito, muito tempo. O último longa representa a comunhão de oito filmes lançados ao longo de 42 anos e finalização da história principal de seu universo cinematográfico: a família Skywalker. Com tal alicerce e novos núcleos de personagens, inseridos pela primeira vez em O Despertar da Força, está a receita para que a ação e o imediatismo se unam a tudo o que já conhecemos: o lado do bem, o lado do mal, a Força e, em meio a tudo isso, a nostalgia.


Foi épico!!

Sinopse
Com o retorno do Imperador Palpatine, todos voltam a temer seu poder e, com isso, a Resistência toma a frente da batalha que ditará os rumos da galáxia. Treinando para ser uma completa Jedi, Rey ainda se encontra em conflito com seu passado e futuro, mas teme pelas respostas que pode conseguir a partir de sua complexa ligação com Kylo Ren, que também se encontra em conflito pela Força.




segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Filme para Assistir nas Férias 6.


Olá, mas um ano que termina ( tudo bem que esse ano foi bem caidinho para o povo das telonas com exceção de "Coringa e Star Wars 9), para 2020 tem grandes promessas. Vamos para as melhores dicas. Confira!!








domingo, 1 de dezembro de 2019

Conversando com Andrew Solomon autor de 'O demônio do meio-dia'.

'São tempos horríveis para ser diferente', diz escritor Andrew Solomon premiado por 'atlas da depressão'.


Criança em meados dos anos 1960 em Nova York, o pequeno Andrew Solomon era considerado o esquisito da escola. Fascinado por ópera e pelos poemas de Emily Dickinson, não encontrava muito assunto em comum com os garotos da mesma idade, que dedicavam o tempo a praticar e conversar sobre esportes. Certa vez, aos sete ou oito anos de idade, chegou a ouvir da mãe de um coleguinha que seria o único da sala a não ser convidado para o aniversário do filho.
"Minha mãe achou que fosse um engano e ligou para a mãe do Bobbie Finkle, e ela disse: o Bobbie não gosta do Andrew e não o quer na festa dele. E no dia em que todo mundo levou um presente para o Bobbie na escola, minha mãe me buscou e me levou ao zoológico", conta Solomon que, aos 55 anos, sentado em uma poltrona confortável no lobby do hotel Fasano, em São Paulo, parece ainda se comover com tais lembranças.
Diz que os pais lidavam bem com a fama de esquisito do filho — o próprio pai de Solomon era quem o levava para as óperas e o incentivava a apreciá-las. Mas o temor que assombrava a adolescência do menino era a reação negativa que seus pais poderiam ter, no futuro, quando descobrissem que o filho era gay — medo que se confirmou quando o escritor tinha 22 anos.
"Minha mãe imaginava que o primeiro filho dela seria do grupo dominante, popular na escola, atlético. Se recusou a aceitar, brigou, ficou furiosa", diz. "Não me expulsaram de casa ou disseram que não iam mais falar comigo, mas ela deixou muito claro que era uma decepção terrível, e não o que ela esperava. Foi completamente devastador", diz Solomon, que, casado e pai de quatro filhos entre biológicos e adotivos, construiu uma carreira repleta de prêmios e best-sellers justamente sobre alguns dos temas que marcaram os dias mais difíceis de sua vida.

Premiado com o prestigiado National Book Award de 2001 pelo livro O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão, em que ele mistura sua experiência pessoal e entrevistas com pacientes, cientistas, filósofos e fabricantes de remédios sobre o tema, ele veio no Brasil para lançar o documentário Longe da Árvore, da diretora e produtor Rachel Dretzin baseado em seu livro homônimo que recebeu o National Book Critics Circle Award na categoria não ficção e foi escolhido como um dos melhores livros de 2012 pelo jornal americano The New York Times.
Livro e filme mostram o resultado de dez anos de pesquisas e entrevistas com 300 famílias cujos filhos, como Solomon, são diferentes do que os pais esperavam.
"É preciso tempo para aceitar seus filhos por quem eles são, com essas diferenças extremas. E para muitas famílias demorou para aceitá-las, assim como demorou para minha família me aceitar. E me senti melhor escrevendo este livro, porque pensei que todas essas famílias sofreram. Não é fácil", diz Solomon, que toma até hoje medicamentos contra a depressão.
Ativista e dono de uma fundação dedicada a estudos LGBTQIA+ e conselheiro especial na Yale School of Psychiatry sobre saúde mental de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, ele se diz preocupado com os tempos atuais. Solomon é pai biológico de um filho com o companheiro John Habich, que por sua vez é pai biológico de outros dois filhos com duas amigas lésbicas. Andrew e sua melhor amiga da faculdade também têm uma filha que vive com a mãe e o companheiro dela, no Texas.

Com o crescimento dos governos de extrema-direita como no Brasil, nos Estados Unidos, Hungria, Rússia, Turquia, Indonésia, as pessoas estão liberando preconceitos que haviam sido reprimidos. Há mais ataques a judeus, a mulheres, a minorias étnicas, e certamente mais a pessoas sobre as quais eu escrevi, mais ataques a LGBTs", diz. "Não acho que caminhemos para outro holocausto, mas acho que precisamos chamar atenção ao que está acontecendo e lutar contra isso. Acho que são tempos horríveis para ser diferente em qualquer aspecto".

BBC News Brasil - No seu livro O Demônio do Meio-Dia, você explica com muita propriedade tudo que se sabe sobre a depressão, além de ser muito aberto sobre sua experiência pessoal. Ao longo dos anos, qual tem sido o feedback de pessoas que enfrentam o problema?
Andrews Solomon - Eu recebo muitas cartas de pessoas dizendo "eu não tinha as palavras para descrever a experiência, mas isso me ajudou". Há várias categorias de livros sobre depressão. Livros técnicos, muito informativos, e memórias, que tendiam a ser escritas por uma pessoa e só descreviam a experiência daquela pessoa com a depressão. E apesar de a minha experiência com a depressão ser a razão pela qual eu escrevi o livro, eu entrevistei muitas pessoas sobre o tema. Senti que não havia um livro que juntasse essas duas abordagens de lidar com o assunto. E parte do que me ajudou a superar a depressão foi fazer anotações. Virginia Woolf disse uma vez: faça anotações e a dor passa.

BBC News Brasil - Que tipo de anotações?
Solomon - Sobre o que eu estava passando, sobre como eu me sentia, sobre o que estava acontecendo. Na pior época da depressão, eu não conseguia anotar nada, eu ficava deitado na cama. Mas quando eu comecei a me sentir funcional, eu queria registrar o que eu tinha passado. Eu pensei que outras pessoas deveriam passar por isso também. E quando eu comecei a pesquisar, descobri que muitas pessoas passavam por isso também, de um jeito ou de outro.

BBC News Brasil - O sr. sente que os efeitos da depressão na sociedade são subestimados? Ou que muitos estão deprimidos e não sabem?
Solomon - Minha estatística bruta, baseado em estudos que eu já li, é de que apenas 50% das pessoas que têm depressão reconhecem que têm depressão. E dessas, só metade procura tratamento. E das que procuram tratamento, só metade recebe tratamento adequado. Então, as pessoas que estão sendo bem cuidadas são um grupo muito, muito pequeno.
Tenho sorte de estar nesse grupo, mas acho que são necessários programas para alcançar essas pessoas. É preciso procurar essas pessoas em universidades, nos locais de trabalho, entre as pessoas que estão desempregadas, entre as pessoas vivendo em situação de pobreza. E as pessoas acham que esse tipo de trabalho seria tão caro, mas quando você analisa o quanto é perdido na economia em anos de vida útil por pessoas que sofrem de depressão, você percebe que esse esforço mais que compensaria. É uma situação muito trágica: temos uma condição que na maioria das vezes é tratável, mas as pessoas não estão sendo tratadas.

BBC News Brasil - No Brasil, as taxas de suicídio estão aumentando, e todo mundo conhece alguém com problemas relacionados à saúde mental. O sr. acha que estamos mais deprimidos, ou apenas mais diagnosticados?
Solomon - Acho que as duas coisas são verdade. Sobre o aumento nos índices de depressão, acho que a vida moderna traz muitos desafios e é difícil destacar apenas um que esteja causando esse fenômeno.
Uma dessas questões é a falta de sono. Eu acho que a média do tempo que as pessoas dormem caiu em cerca de dois anos quando a televisão foi inventada, as pessoas dormem mais tarde e ainda acordam cedo. E diminuiu em mais uma hora depois da criação da internet, as pessoas estão dormindo muito menos do que costumavam e acho que isso é muito estressante. Também, as pessoas passam a vida interagindo com tecnologia em vez de interagir com outros seres humanos.
Eu já recebi relatos de pessoas que estavam tão isoladas, que elas me escrevem dizendo que acordam, comiam alguma coisa, vão para um trabalho em que interagem com uma máquina o dia todo, pegam alguma coisa para comer na volta para casa e comem em frente à TV. Não tinham nenhuma interação real com outro ser humano.
Há isso, e acho que há outros infinitos fatores, como redes sociais que causam o sentimento de que a sua própria vida não está à altura da vida dos outros. Eu poderia falar por horas, sobre nutrição, falta de exercício. Já está comprovado que se você introduz exercício três vezes por semana pode melhorar uma depressão tanto quanto um remédio. Tudo isso têm papel no aumento da depressão.

BBC News Brasil - E os diagnósticos?
Solomon - Nos anos 1950, se você dissesse que tinha depressão, seus amigos iam dizer sinto muito, mas não há nada a fazer senão viver com isso. Hoje, se você disser que tem depressão existe a psicoterapia, especialmente a comportamentalista, há exercícios, há medicação, que funciona para um grande número de pessoas. Com essa mudança, de as pessoas que têm depressão e melhoram, os médicos tendem a diagnosticar mais, porque existe uma solução disponível.

BBC News Brasil - O senhor toma medicação até hoje contra a depressão e diz que provavelmente sempre tomará. Muitas pessoas temem tomar remédios por medo de interferir na criatividade, ou na personalidade. Isso foi uma questão para o senhor, sendo escritor?
Solomon - Eu acho que as pessoas têm medo de medicação que na maioria das vezes é baseado na falta de experiência. E as pessoas temem que, se você tomar o remédio, será mudado para sempre, é como perder a virgindade e não tem mais volta. Você pode tomar o remédio, e se ajudar, continua. Se sentir que está mexendo com a sua criatividade, você pode parar de tomar. As pessoas precisam estar informadas e a única maneira de estar informada é tentar por si mesmo.

BBC News Brasil - Qual o papel do amor na luta contra a depressão?
Solomon - A depressão é uma doença da solidão e as pessoas deprimidas geralmente se sentem isoladas das outras pessoas. É muito útil se o seu intelecto puder identificar, apesar da depressão, que você tem uma vida que vale a pena se você conseguir chegar do outro lado. Se você souber que é amado por pessoas, é a melhor motivação para melhorar. Não faz a depressão ir embora, mas te motiva a fazer o que tem que fazer para melhorar.
Quando eu estava deprimido, eu sentia que seria difícil cometer suicídio porque ia devastar meu pai, foi muito antes de eu casar e ter filhos. Ainda tenho meus altos e baixos, mas eu sinto que sou apoiado por esse amor. É um conselho ruim para dar para alguém com depressão, tipo vá lá e busque pessoas que te amam e vai melhorar. Mas quando olho para casos reais, é fato que as pessoa envoltas em relações amorosas são mais resilientes.


BBC News Brasil - O sr. pesquisou também a depressão em pessoas vivendo na pobreza. O que muda?
Solomon - Se você tem uma vida relativamente boa e está sempre sofrendo, é mais fácil identificar que você está com depressão. Se você tem uma vida incrivelmente difícil e não consegue as coisas que você precisa e quer, como é a vida das pessoas na pobreza, e você se sente terrível o tempo todo, pensa que o jeito que você se sente é reflexo das circunstâncias. E se você considerar que a depressão vem de uma combinação de vulnerabilidade genética e situações desencadeantes, há mais situações desencadeantes para as pessoas mais pobres.

BBC News Brasil - É uma questão de política pública?
Solomon - Exatamente. Fiquei impressionado com projetos nos EUA em que médicos acompanhavam as pessoas de comunidades pobres próximas a Washington DC e mudaram as vidas das pessoas. E tudo o que eles fizeram era terapia uma vez por semana, e uma medicação. E custou centenas de dólares e mudou a vida deles. E quando eu perguntei a uma dos pacientes o que eles achavam sobre a pesquisadora que conduziu o estudo, ela me disse: Eu rezei a Deus por um anjo e ele ouviu minhas preces.

BBC News Brasil - Existem lições ou conselhos que o senhor daria a pessoas que estão deprimidas?
Solomon - O primeiro é: procure ajuda profissional. Há muito que pode ser feito e não tenha vergonha de pedir ajuda. Nem ache que sua depressão não é forte o bastante; se não está se sentindo o seu habitual, procure ajuda.
O segundo conselho é: não gaste muita energia tentando manter sua depressão em segredo, depressão é muito exaustiva, e manter segredos também. Não precisa contar para todo mundo e divulgar como eu fiz, mas se você contar às pessoas ao seu redor que você está sofrendo, terá companhia no sofrimento.

O terceiro: preste atenção ao cuidado com você mesmo. Coma uma dieta balanceada, não beba muito álcool, não use substâncias em abuso, faça exercícios, durma o suficiente. Tudo isso que pode ser um pouco irritante pode fazer uma enorme diferença na sua depressão. E seja gentil consigo mesmo. Se você tivesse quebrado a perna não estaria dizendo 'eu preciso dançar, deveria estar dançando".

BBC News Brasil - No livro Longe da Árvore, o senhor conta a história de famílias que descobriram que seus filhos eram muito diferentes deles, em diferentes situações. O senhor, sendo gay, viveu isso também quando criança. Como foi?
Solomon - Quando eu era criança, meus pais não aceitaram o fato de que eu era gay, mas eventualmente aceitaram. Eu sinto que o livro e o filme tratam da maneira como pais lidam com filhos que são diferentes deles, e existem muitas diferentes. Pais cujas crianças são surdas, ou têm síndrome de Down, ou autistas, ou anãs, ou esquizofrênicas, ou prodígios. Ou casos de crianças concebidas em estupros, ou famílias com pessoas que são criminosos, e pessoas trans. Olhei para diversas categorias e comparei com a minha própria experiência em ser gay na minha família.

BBC News Brasil - E todos essas diferentes situações se mostraram relacionáveis?
Solomon - Sim. A experiência que as famílias têm em lidar com uma criança que é diferente do que eles esperavam é uma experiência pela qual a maioria das pessoas passa. Uma semana depois da festa de lançamento do livro, em que eu convidei a maioria das pessoas que entrevistei, eu recebi uma mensagem de um homem com nanismo, uma mulher com esquizofrenia e o pai de uma mulher com autismo. Eles jantaram juntos e disseram: nós temos mais em comum do que pensávamos. E isso me confortou.

BBC News Brasil - E sua infância?
Solomon - Meus pais aceitavam bem o fato de eu ser esquisito, mas eu pensava que se eles soubessem que eu era gay, ficariam furiosos e preocupados. E eles descobriram, aos 22, minha mãe se recusou a aceitar, e brigou, ficou furiosa. Não me expulsaram de casa ou disseram que não iam mais falar comigo, ou nenhuma das coisas extremas que as pessoas fazem nessa situação, mas minha mãe deixou muito claro que era uma decepção terrível, e não o que ela esperava. Foi completamente devastador. Me senti envergonhado, senti todo tipo de sensações terríveis.

Ela morreu anos depois e disse todas as coisas certas antes de morrer, que esperava que eu encontrasse felicidade. Eu pensei tudo bem, não tenho certeza de que ela realmente sentia aquilo, mas achei bom ela dizer. Meu pai, que viveu, tornou-se incrivelmente apoiador. Deu uma festa quando eu me casei, é muito apegado aos meus filhos, foi muito feliz.
Mas esses anos foram muito difíceis e mais difícil ainda foi o meu conhecimento de que isso aconteceria, que foi o que me motivou durante toda a minha adolescência a fazer o que fosse preciso para não ser gay, tentar sair com garotas, todas essas coisas que não deram certo.

BBC News Brasil - O que era comum a essas famílias que você acompanhou? As crises?
Solomon - Sim, as crises. Há diferença entre amor e aceitação. Idealmente, o amor está lá quando a criança nasce. Mas a aceitação é um processo, leva tempo, e requer tempo para aceitar seus filhos por quem eles são, com essas diferenças extremas. E para muitas famílias demorou para aceitá-las, e demorou para minha família me aceitar. E me senti melhor escrevendo este livro, porque pensei que todas essas famílias sofreram para chegar à aceitação. Não é fácil.

BBC News Brasil - Os discursos de ódio e movimentos de extrema direita te preocupam?
Solomon - Me preocupam e me aterrorizam. Com o crescimento dos governos de extrema direita como no Brasil, nos Estados Unidos, Hungria, Rússia, Turquia, Indonésia, as pessoas estão liberando preconceitos que haviam sido reprimidos. Há mais ataques a judeus, a mulheres, a minorias étnicas, e certamente mais a pessoas sobre as quais eu escrevi, mais ataques a LGBTs. Muitos ataques a pessoas com deficiências, serviços sendo retirados. Vivemos em tempos assustadores e espero que isso mude, como um período estranho da história. Mas temo que pode dar horrivelmente errado, os nazistas vieram de um jeito gradual.
Entrevistei uma sobrevivente do holocausto que escreveu um livro sobre a experiência dela e ela disse: isso parece a Alemanha da minha infância. E nenhum de nós achou que algo tão horrível fosse acontecer, ou teríamos fugido. Mas não prestamos atenção suficiente. E ela disse: "Prestem atenção", ela tem 98 anos, e acho que ela está absolutamente certa. Não acho que caminhemos para outro holocausto, mas acho que precisamos chamar atenção ao que está acontecendo e lutar contra isso. Eu acho que são tempos horríveis para ser diferente em qualquer aspecto.

BBC News Brasil - Tem a ver com o seu livro?
Solomon - Acho que é muito mais difícil bater em pessoas se você conhece a história delas. O objetivo do livro, e espero que funcione, é que as pessoas que não conhecem essas vidas e experiências possam conhecer, e ler, e ter mais simpatia por elas.



Fonte: BBC.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Livro Biblioteca Lovecraft - Vol. 1 - O Chamado de Cthuzhu e outras histórias.


Primeiro volume da coleção que publicará as histórias completas de Lovecraft, o escritor que revolucionou a literatura de horror.
Apresentação

Nascido em 1890, Howard Phillips Lovecraft revolucionou o gênero literário do horror ao inserir em suas histórias elementos típicos da fantasia e da ficção científica. Com um estilo de escrita único, por vezes de vocabulário e ortografia conservadores, Lovecraft elevou o terror a um patamar literário poucas vezes visto. Assim como Edgar Allan Poe no século XIX, Lovecraft é visto por autores como Neil Gaiman, Joyce Carol Oates e Stephen King como um dos principais autores de terror do século XX.
Neste primeiro volume da série "Biblioteca Lovecraft", traduzida e organizada por Guilherme da Silva Braga, encontramos textos clássicos como "O chamado de Cthulhu" e "A sombra de Innsmouth", e também textos menos conhecidos como "Dagon" (espécie de breve preâmbulo aos mitos de Cthulhu).

"Lovecraft abriu o caminho para a minha escrita." – Stephen King

"Ler Lovecraft é como ter em mãos um mapa para o horror." – Neil Gaiman.

domingo, 17 de novembro de 2019

Livro As Sombras de Outubro - Soren Sveistrup


É outubro e a neve de outono começa a cair em Copenhagen, deixando os dias mais curtos e as noites mais sombrias... e pelas ruas geladas e escuras, um psicopata aterroriza a cidade.

Em uma manhã tempestuosa em um tranquilo bairro de Copenhagen, a polícia faz uma descoberta sinistra: o corpo de uma mulher brutalmente assassinada, com uma das mãos faltando. Sobre ela está pendurado um pequeno boneco feito de castanhas.
O caso é entregue à ambiciosa detetive Naia Thulin e a seu novo parceiro, Mark Hess, um investigador introspectivo que acabou de ser expulso da Europol. Logo se descobre uma evidência ligando o sr. Castanha a uma garota desaparecida há um ano: a filha da política Rosa Hartung. O homem que confessou tê-la sequestrado e assassinado está atrás das grades e o caso foi encerrado há tempos – e qualquer insinuação contrária causa disputas e inimizades na corporação.
No entanto, quando novas vítimas e novos bonecos aparecem, Thulin e Hess acham cada vez mais difícil ignorar a conexão entre o caso Hartung e o novo serial killer. Mas que conexão seria essa? E como impedir o assassino de continuar sua caçada, se ele parece sempre um passo à frente da polícia?
As sombras de outubro traz o melhor do estilo thriller noir, acrescentando ao suspense clássico uma boa dose de energia. Sveistrup retrata seus personagens com sensibilidade e mostra como romances policiais podem fazer críticas contundentes às realidades sociais.

"Se você é um dos milhares de espectadores que adorou The Killing, precisa ler este romance do mesmo criador da série. Sveistrup é ótimo em criar tensão e esta história daria uma ótima série de TV." – The Guardian

"Um thriller de ritmo acelerado, com uma atmosfera carregada de adrenalina. Você vai devorar cada palavra." – A.J. Finn, autora de A mulher na janela.

domingo, 10 de novembro de 2019

Livro Stranger Things: Raízes do Mal - Gwenda Bond





Em plena década de 1960, os Estados Unidos estão passando por profundas mudanças políticas e sociais, e Terry Ives, estudante de uma cidadezinha em Indiana, se vê à parte dos acontecimentos. Cansada de ser uma mera espectadora das mudanças à sua volta, ela enxerga sua grande chance de entrar para a história ao se voluntariar para participar de um projeto ultrassecreto do governo chamado MKULTRA, realizado no laboratório de Hawkins.

É lá que ela conhece o dr. Martin Brenner, um homem cruel capaz das maiores atrocidades para alcançar seus objetivos. Terry logo se vê presa em uma trama repleta de manipulações e perigos, travando com Brenner uma guerra em que a mente humana é o campo de batalha. E sua única chance de vitória reside em uma menininha com poderes sobre-humanos e um número no lugar do nome.

A editora Intrínseca lança o primeiro livro oficial da série, que explora o passado de dois dos personagens mais enigmáticos da produção: Terry Ives, a mãe de Eleven, e o dr. Martin Brenner, o homem que separou as duas.

Obra oficial de Stranger Things, Raízes do mal expande o universo da série, aprofundando a trama, e volta no tempo para explicar como os destinos de Terry, Brenner, Eleven e Eight se cruzaram pela primeira vez.

Também poderá gostar de: Viajando pelas Séries #011 Stranger Things

domingo, 3 de novembro de 2019

Cine Pipoca #015


Olá, o post de hoje deixo as melhores indicações de filmes das telonas. Ressaltando o brilhante fim de ciclo de Star Wars 9 (A Ascensão Skywalker). Vamos lá!












Também poderá gostar de: Cine Pipoca #014

domingo, 20 de outubro de 2019

Livro Eterna Vigilância por Edward Snowden

Em 2013, Edward Snowden, ex-analista da CIA (Agência Central de Inteligência) que também trabalhou como agente da NSA (Agência Nacional de Segurança), chocou o mundo ao desmascarar detalhes dos serviços secretos americanos. Snowden revelou que o governo dos Estados Unidos estava sigilosamente desenvolvendo meios para coletar todos os telefonemas, mensagens de texto e e-mails enviados em qualquer país do mundo. O resultado seria um sistema sem precedente de vigilância em massa capaz de se intrometer na vida particular de qualquer pessoa. Uma invasão à privacidade de pessoas e países que feria as liberdades individuais dos cidadãos e de governos. As revelações causaram um mal-estar diplomático entre os Estados Unidos e nações aliadas. Entre os inúmeros documentos que vazou, apareceram vários apontando para o monitoramento de mensagens da então presidenta Dilma Roussef e seus principais assessores e outros mostrando que o governo americano espionava o Ministério de Minas e Energia, a Petrobras e as descobertas do pré-sal. Pivô de um escândalo de proporções globais, Snowden virou da noite para o dia o homem mais procurado do planeta. Considerado inimigo público pelo governo americano e herói por milhões de pessoas, acabou buscando asilo na Rússia, onde vive até hoje. Em Eterna vigilância, ele conta como ajudou a criar este sistema de espionagem mundial e também como atuou para desvendá-lo ao se dar conta dos perigos deste projeto. Afirma não ser contra que os governos coletem informações por medidas de segurança, mas alerta para o risco de se vigiar pessoas da hora em que nascem até a hora que morrerem. E alerta para que todos, homens e mulheres de todas as idades e em todos os países, tenham muito cuidado ao dar um telefonema, mandar uma mensagem de áudio ou digitar dados de sua conta bancária.

domingo, 13 de outubro de 2019

Comentando sobre a série 'Chernobyl' da HBO


A aclamada minissérie americana Chernobyl, sobre a catástrofe nuclear, traz lembranças dolorosas na Rússia, com um realismo tão elogiado quanto criticado por exagerar o papel nefasto das autoridades soviéticas. A HBO transmitiu esta semana o último dos cinco episódios da minissérie, uma imagem implacável do pior acidente nuclear na história civil.

Em 26 de abril de 1986, a explosão do reator número quatro na fábrica de Chernobyl, na Ucrânia soviética, dispersou uma nuvem radioativa na Europa. A URSS tentou por várias semanas esconder o incidente, antes de resolver evacuar a área, inabitável mesmo 30 anos depois. "Os graus de realismo de Chernobyl são mais altos do que na maioria dos filmes russos neste período", reconhece o jornal pró-governo Izvestia. "Acho que é um trabalho de alta qualidade na televisão", disse Susanna Alperina, jornalista cultural do jornal pró-Kremlin Rossiïskaïa Gazeta.

Na Rússia, a série não é transmitida pela televisão, mas é acessível através da plataforma de streaming Amediateka, que ganhou os direitos de muitas séries populares, como Game of Thrones. O trabalho é elogiado porque consegue reproduzir a atmosfera da URSS e às vezes lembra os espectadores russos de sua infância. As filmagens foram feitas entre a Ucrânia e uma antiga usina nuclear soviética na Lituânia, equipada com os mesmos reatores RBMK em Chernobyl.

Feita pelo sueco Johan Renck, Chernobyl tem como personagem principal o vice-diretor do maior centro de pesquisas da URSS. A série concentra-se no heroísmo dos personagens comuns, mas os principais líderes soviéticos, começando por Mikhail Gorbachev, são mostrados como inúteis e mentirosos. A série expressa "respeito e simpatia pelo povo, pelo nosso povo soviético", disse no Facebook a jornalista Ksenia Larina, da rádio independente Echo, em Moscou. "Mas ele expressa muito desdém pelas autoridades que menosprezaram seus cidadãos."

Agora que as relações entre a Rússia e os países ocidentais são as piores desde o fim da Guerra Fria, alguns vêem na série uma crítica injustificada ao regime soviético e um ataque ao poder atual. O popular diário
Argumenty i Fakty criticou uma "mentira brilhantemente filmada" que divide o povo soviético entre "executores sanguinários e vítimas inocentes".

Trinta pessoas morreram imediatamente após a explosão do reator número quatro da usina de Chernobyl, e vários milhares de pessoas indiretamente, especialmente entre os encarregados das operações de descontaminação da zona.

A jornalista Susanna Alperina não acredita que há propaganda na série. Pelo contrário, a série "mostra como a propaganda é fabricada, o que é diferente", diz. Alperina acrescenta que "uma visão externa é às vezes mais justa" e destaca o fato de que produções russas similares não foram vistas.

Na Rússia, Chernobyl, também levanta a questão de saber por que um trabalho dessa qualidade nunca foi feito no país. Uma das razões seria o orçamento de séries russas, que não é comparável ao das produções ocidentais. "Talvez as pessoas tenham medo de fazer esse tipo de projeto por medo de que os espectadores não gostem delas, mas é o que elas esperam", diz Susanna Alperina.

Fonte: Estadão

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segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Livro Rondon: Uma Biografia - Larry Rohter


Um dos maiores exploradores da história mundial, Cândido Rondon teve uma vida extraordinária. Nesta minuciosa biografia, o jornalista Larry Rohter revela para o leitor a amplitude de seu legado para o país e os povos indígenas.

No início da tarde de 26 de abril de 1914, um grupo de dezenove homens chegou à confluência de dois rios no coração da selva amazônica. Durante meses eles enfrentaram uma sucessão de dificuldades e privações para realizar um feito notável: navegar e mapear um rio ainda desconhecido, chamado rio da Dúvida, porque seu curso e comprimento eram um mistério. Os líderes dessa expedição eram Theodore Roosevelt, ex-presidente dos Estados Unidos, e o brasileiro Cândido Mariano da Silva Rondon, que há mais de vinte anos explorava a região.

Depois que a jornada com Roosevelt chegou ao fim, Rondon continuaria por muitos anos seu importante trabalho, que incluiu o levantamento de rios, montanhas e vales até então ignorados, a instalação de quilômetros de linhas telegráficas, a construção de estradas, pontes e a fundação de povoamentos. Foi também Rondon quem primeiro estabeleceu contatos pacíficos com dezenas de etnias indígenas. Em 1910, fundou o Serviço de Proteção aos Índios, em um esforço de inclusão dos índios ao Estado nacional brasileiro.

Hoje Rondon empresta seu nome a ruas, museus, cidades e até a um estado, Rondônia. O lema que norteou suas expedições e contatos com os povos indígenas “Morrer se preciso for, matar nunca”, porém, se perdeu no tempo, e muitos de seus incríveis feitos como explorador permanecem ignorados.

A grandiosidade de seus feitos inspirou o jornalista Larry Rohter a mergulhar por mais de cinco anos em sua trajetória, oferecendo agora ao leitor brasileiro um livro que redimensiona o lugar de Rondon na história do Brasil.


domingo, 29 de setembro de 2019

Viajando pelas Séries #016 - Mindhunter


Mindhunter é uma série de televisão norte-americana de drama policial criada por Joe Penhall, e baseada no livro Mind Hunter: Inside the FBI’s Elite Serial Crime Unit escrito por John E. Douglas e Mark Olshaker. A série é produzida por David Fincher e Charlize Theron entre outros, e estreou na Netflix em 13 de outubro de 2017.
A série foi renovada para uma segunda temporada em abril de 2017, seis meses antes da estreia da primeira.

A série coloca o policial na pele do protagonista Holden Ford (Jonathan Groff), um jovem investigador dedicado a tentar prever o que leva um número cada vez maior de criminosos a cometer ações violentas e de crueldade premeditada contra estranhos.

Com a ajuda de Bill Tench (Holt McCallany), um relutante agente veterano, Ford começa a entrevistar alguns dos mais bizarros assassinos em série presos no período (a história começa em 1977). A dupla logo ganha o auxílio de uma pesquisadora com sólida carreira acadêmica, Wendy Carr (Anna Torv).

Nesta segunda temporada, a expectativa é que os agentes finalmente saiam para as ruas. A Unidade de Ciência Comportamental irá utilizar esse conhecimento adquirido através das entrevistas para buscar um assassino de crianças.

Veja abaixo uma lista das mentes criminosas que são retratadas na obra de John Douglas, que vão aparecer no seriado: (spoiler para quem ainda não assistiu)

Assassino BTK
Durante a primeira temporada, um assassino faz pequenas aparições nas aberturas de capítulo, dando a sensação de que será importante. Mas sua história só ganhará atenção na segunda fase de Mindhunter. Trata-se de Dennis Rader (Sonny Valicenti), que fugiu da polícia por 29 anos e matou cerca de dez pessoas, entre adultos e crianças. Ele é apelidado de “O Assassino BTK” – bind(amarrar), torture (torturar) and kill (matar). Em um dos trailers, os protagonistas pedem a ajuda do ex-criminoso Edmund Kemper (Cameron Britton) para prendê-lo.

Charles Manson
Considerado um dos maiores serial killers da história, ele foi o mandatário do assassinato de sete pessoas em 1969 e por liderar a gangue que invadiu a casa do diretor de cinema Roman Polanski e assassinou brutalmente sua esposa, a atriz Sharon Tate, e outros quatro hóspedes.

Filho de Sam
Com um revólver calibre 44, David Berkowitz realizou oito ataques em Nova York, deixando seis mortos e sete feridos, entre 1976 e 1977. O título "Filho de Sam" foi atribuído por ele mesmo em carta deixada em uma das cenas dos crimes que cometeu. Após ser capturado, David disse que tudo foi a mando do cachorro do seu vizinho, chamado de Sam, que estaria possuído por um demônio. Anos mais tarde, ele confessou que era tudo mentira.

Wayne Williams
Conforme antecipado pelo próprio David Fincher em 2017, a segunda temporada falaria sobre assassinos de crianças em Atlanta, na Geórgia. O exemplo mais claro deste perfil - no período em que a série se passa - é o de Wayne Williams, que cometeu uma série de crimes entre 1978 e 1981. Ele foi suspeito por mais de 30 desaparecimentos, principalmente de crianças negras entre 8 e 15 anos. Wayne matou suas vítimas por asfixia ou espancamento e tinha o costume de desovar os corpos no rio Chattahoochee. Ele foi capturado em 1981 e cumpre sua sentença até hoje.

domingo, 22 de setembro de 2019

Livro CHURCHILL & ORWELL: A Luta pela liberdade - Thomas E. Ricks


A fascinante história de dois homens com posições políticas diferentes, aliados pelo mesmo princípio: a defesa da liberdade individual Figuras essenciais na luta contra as ameaças do autoritarismo de esquerda e de direita em um momento crítico do século XX, Churchill e Orwell surgem aqui como fonte de inspiração e exemplo para os dias de hoje. Filho de aristocratas, Winston Churchill (1874-1965) era um liberal conservador alinhado ao governo colonialista britânico. George Orwell (1903-1950), que vinha da classe média baixa, era militante socialista e anti-imperialista.

Escrita pelo vencedor do Prêmio Pulitzer Thomas E. Ricks, essa atualíssima biografia dupla se concentra no período crucial da vida de Churchill e de Orwell: os anos 1930 e 1940, da ascensão dos nazistas até o rescaldo da Segunda Guerra Mundial. Hoje, impressiona testemunhar quão solitária era a posição de Churchill e de Orwell num momento em que a Europa parecia destinada à ditadura, fosse nazifascista ou comunista.

Apresentados como um par complementar, o político marginalizado em busca de redenção e o grande escritor ainda em formação trabalharam pelo mesmo objetivo, embora nunca tenham se encontrado.


domingo, 15 de setembro de 2019

Desvendando o Tabu: personalidades psicológicas - Introvertidos vs. Extrovertidos


      (...) O que realmente quero dizer quando falo que uma pessoa é introvertida? (...) a primeira coisa que quis descobrir exatamente como os pesquisadores definem 'introversão' e 'extroversão'. Eu sabia que, em 1921, o influente psicólogo Carl Jung publicara um livro bombástico, Tipos psicológicos, popularizando os termos 'introvertido' e 'extrovertido' como os pilares centrais da personalidades. Introvertido são atraídos pelos mundo interior do pensamento e do sentimento, disse Jung, extrovertidos pela vida externas de pessoas e atividades. Introvertidos focam no significado que tiram dos eventos ao seu redor; extrovertidos mergulham nos próprios acontecimentos. Introvertidos carregam suas baterias ficando sozinhos; extrovertidos precisam recarregar quando não socializam o suficiente. (...)
      Mas o que os pesquisadores contemporâneos têm a dizer? Logo descobri que não há uma definição geral para introversão e extroversão; estas não são categorias unitárias como "cabelos cacheados" ou "dezesseis anos", com as quais todos podem concordar em quem se enquadra em uma delas. Por exemplo, os defensores do modelo dos cinco grandes tipos de personalidade psicológica definem introversão não em termos de uma rica vida interior, mas pela alta de qualidades como autoconfiança e sociabilidade. Há quase tantas definições de 'introvertido' e 'extrovertido' quanto há psicólogas da personalidade, que passam um bom tempo discutindo qual significado é o mais acertado. Alguns acham que as ideias de Jung são datadas; outros juram que ele foi o único a entender.
      Ainda assim, os psicólogos de hoje tendem a concordar em vários pontos importantes; por exemplo, que introvertidos e extrovertidos diferem quanto ao nível de estímulo externo que precisam para funcionar bem. Introvertidos sentem-se 'bem' com menos estímulo, como quando tomam uma taça de vinho com um amigo próximo, fazem palavras cruzadas ou leem um livro. Extrovertidos gostam da vibração extra de atividades como conhecer pessoas novas, esquiar em montanhas perigosas ou colocar música alta. "Outras pessoas são estimulantes demais", diz o psicólogo da personalidade David Winter, explicando por que os introvertidos preferem passar as férias lendo na praia em vez de fazer a festa em um cruzeiro. "Elas despertam sensações de ameaça, medo, escape e amor. Cem pessoas são muito estimulantes se comparadas a cem livros ou cem grãos de areias."
      É de pleno acordo que tanto um quanto outro tem maneiras distintas de trabalhar. Extrovertidos tendem a terminar tarefas rapidamente. Eles tomam decisões rápidas ( e as vezes drásticas) e sentem se confortáveis com muitas tarefas ao mesmo tempo e ao correr riscos. Gostam da "excitação da caça" por recompensas como dinheiro e status.
      Introvertidos muitas vezes trabalham de forma mais lenta e ponderada. Eles gostam de se focar em uma tarefa de cada vez e podem ter um grande poder de concentração. Relativamente imunes ás tentações da fama e fortuna.
      Nossas personalidades também moldam nossos estilos sociais. Extrovertidos serão pessoas que darão vida ao seu jantar e riram generosamente de suas piadas. Eles tendem a ser assertivos, dominantes e necessitam muito de companhia. Extrovertidos pensam em voz alta e rapidamente; preferem falar ao escutar, raramente se encontram sem palavras e ocasionalmente vomitam palavras que nunca quiseram dizer. Sentem-se confortáveis em conflitos, mas não com solidão.
      Os introvertidos, por outro lado, podem ter várias habilidades sociais e gostar de festas e reuniões de negócios, mas depois de um tempo desejam estar em casa de pijamas. Eles preferem devotar suas energias sociais aos amigos íntimos, colegas e família. Ouvem mais do que falam e muitas vezes sentem que se expressam melhor escrevendo do que falando. Tendem a não gostar de conflitos. Muitos tem horror a jogar conversa fora, mas gostam de discussões profundas.
      Algumas coisas que os introvertidos não são: a palavra 'introvertido' não significa eremita ou misantropo. Eles podem ser assim, mas a maioria é perfeitamente amigável. Umas das frases mas humanas "Apenas conecte-se!" foi escrita pelo distintamente introvertido. E. M. Forster em um romance explorando a questão de como conquistar "o amor humano em seu auge".
      Os introvertidos também não são necessariamente tímidos. Timidez é o medo de desaprovação social e da humilhação, enquanto a introversão é a preferência por ambiente que não sejam tão estimulante demais. A timidez é inerentemente dolorosa; a introversão, não. Umas das razões pelas quais as pessoas confundem os dois conceitos é que muitas vezes eles se sobrepõem (apesar de psicólogos discutirem até que ponto). Com isso ficamos com os seguintes tipos de personalidade: extrovertidos calmos, extrovertidos ansiosos (ou impulsivos), introvertidos calmos e introvertidos ansiosos. Em outras palavras, você pode ser um extrovertido tímido, como a cantora Barbra Streisand, que tem uma grande personalidade, mas um medo do palco paralisante; ou um introvertido não tímido, como Bill Gates, que sempre fica na dele mas nunca é perturbado pelas opiniões dos outros.

      Mas com todas as diferenças, timidez e introversão têm algo de profundo em comum. O estado mental de um extrovertido tímido sentado quieto em uma reunião de negócios pode ser muito diferente daquele de um introvertido calmo - a pessoa tímida tem medo de falar, enquanto o introvertido está simplesmente super estimulado - , mas para o mundo externo os dois parecem iguais.
(...) Como Jung acertadamente colocou, "não existe introvertido ou extrovertido puro. Um homem assim estaria em um sanatório para lunáticos".
      Isso se deve ao fato de que somos indivíduos gloriosamente complexos, mas também ao fato de que há muitos tipos diferentes de introverti dos e extrovertidos. Os dois tipos interagem com nossos outros traços de personalidade e histórias pessoas, produzindo tipos de pessoas radicalmente diferentes.

Conclusão
      (...) Cometemos um erro grave ao abraçar o "Ideal da Extroversão", (desde Dale carnegie, foi quando o conceito tornou-se popular), tão inconsequentemente. Algumas das nossas maiores ideias, a arte, as invenções - desde a teoria da evolução até os girassóis de Van Gogh e os computadores pessoas - vieram pessoais quietas e cerebrais que sabiam como se comunicar com seu mundo interior e os tesouros que lá seriam encontrados. Sem os introvertidos, o mundo não teriam:

A teoria da gravidade - Isaac Newton
A teoria da relatividade - Albert Einstein
"O segundo advento" - W. B. Yeats
Os noturnos de chopin
Em busca do tempo perdido - Marcel Proust
Peter Pan - J. M. Barrie
1984 e A revolução dos bichos - George Orwell
"O gato do chapéu" - Dr. Seuss
Charlie Brown
A lista de Schindler, E. T. ... por Steven Spielberg
O Google - Larry page
Harry Potter - J. K. Rowling

      Como escreveu o jornalista científico Winifred Gallagher: "A glória da disposição que faz com que se pare para considerar estímulos em vez render-se a eles é sua longa associação com conquistas intelectuais e artísticas. (...)".

(Fragmentos do livro "O poder dos quietos" - Susan Cain).

Também poderá gostar de: Desvendando o Tabu: Declínio da Inteligência Humana.

domingo, 8 de setembro de 2019

Livro Um de Nós Está Mentindo - Karen M. McManus

Cinco alunos entram em detenção na escola e apenas quatro saem com vida. Todos são suspeitos e cada um tem algo a esconder.
Numa tarde de segunda-feira, cinco estudantes do colégio Bayview entram na sala de detenção: Bronwyn, a gênia, comprometida a estudar em Yale, nunca quebra as regras.
Addy, a bela, a perfeita definição da princesa do baile de primavera.
Nate, o criminoso, já em liberdade condicional por tráfico de drogas.
Cooper, o atleta, astro do time de beisebol.
E Simon, o pária, criador do mais famoso app de fofocas da escola.
Só que Simon não consegue ir embora. Antes do fim da detenção, ele está morto. E, de acordo com os investigadores, a sua morte não foi acidental. Na segunda, ele morreu. Mas na terça, planejava postar fofocas bem quentes sobre os companheiros de detenção. O que faz os quatro serem suspeitos do seu assassinato. Ou são eles as vítimas perfeitas de um assassino que continua à solta?
Todo mundo tem segredos, certo? O que realmente importa é até onde você iria para proteger os seus.


domingo, 1 de setembro de 2019

[Destaque da Bienal] Livro Escravidão - Vol. 1 - Laurentino Gomes


Depois de receber diversos prêmios e vender mais de 2,5 milhões de exemplares no Brasil, em Portugal e nos Estados Unidos com a série 1808, 1822 e 1889, o escritor Laurentino Gomes dedica-se a uma nova trilogia de livros-reportagem, desta vez sobre a história da escravidão no Brasil. Resultado de seis anos de pesquisas e observações, que incluíram viagens por doze países e três continentes, este primeiro volume cobre um período de 250 anos, do primeiro leilão de cativos africanos registrado em Portugal, na manhã de 8 de agosto de 1444, até a morte de Zumbi dos Palmares. Entre outros aspectos, a obra explica as raízes da escravidão humana na Antiguidade e na própria África antes da chegada dos portugueses, o início do tráfico de cativos para as Américas e suas razões, os números, os bastidores e os lucros do negócio negreiro, além da trajetória de alguns de seus personagens mais importantes, como o Infante Dom Henrique, patrono das grandes navegações e descobrimentos do século XV e também um dos primeiros grandes traficantes de escravos no Atlântico. Esta é uma história de dor e sofrimento cujos traços ainda são visíveis atualmente em muitos dos locais visitados pelo autor, como Luanda, em Angola; Ajudá, no Benim; Cidade Velha, em Cabo Verde; Liverpool, na Inglaterra; e o cais do Valongo, no Rio de Janeiro.Os dois volumes seguintes, a serem publicados até as vésperas do bicentenário da Independência Brasileira, em 2022, serão dedicados ao século XVIII, o auge do tráfico de escravos, e ao movimento abolicionista que resultou na Lei Áurea de 13 de maio de 1888, chegando até o persistente legado da escravidão que ainda hoje assombra o futuro dos brasileiros.

SOBRE O AUTOR


Jornalista e escritor brasileiro, José Laurentino Gomes nasceu em Maringá, em 1956. Diplomado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, Gomes tem pós-graduação em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo e cursos na Universidade de Cambridge e na Universidade de Vanderbilt. O jornalista atuou como repórter e editor para vários veículos de comunicação do Brasil, incluindo o jornal O Estado de S. Paulo e a revista Veja. Autor de 1808, 1822 e 1889.


segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Livro Sobre o Autoritarismo Brasileiro - Lilia Moritz Schwarcz


Lilia M. Schwarcz examina algumas das raízes do autoritarismo brasileiro, bastante antigas e arraigadas, embora frequentemente mascaradas pela mitologia nacional.

Os brasileiros gostam de se crer diversos do que são. Tolerantes, abertos, pacíficos e acolhedores são alguns dos adjetivos que habitam frequentemente a mitologia nacional. Neste livro urgente e necessário, Lilia M. Schwarcz reconstitui a construção dessa narrativa oficial que acabou por obscurecer uma realidade bem menos suave, marcada pela herança perversa da escravidão e pelas lógicas de dominação do sistema colonial.
Ao investigar esses subterrâneos da história do país — e suas permanências no presente — a autora deixa expostas as raízes do autoritarismo no Brasil, e ajuda a entender por que fomos e continuamos a ser uma nação muito mais excludente que inclusiva, com um longo caminho pela frente na elaboração de uma agenda justa e igualitária.


domingo, 18 de agosto de 2019

Viajando pelas Séries #015 - The Family - Democracia Ameaçada


Eu sempre me perguntei se existe um poder acima do poder. De modo que o poder maior que conhecemos não é mais do que uma marionete do grande e efetivo poder do qual jamais ouvimos falar. Como se tudo no mundo, até mesmo as guerras, fosse apenas um teatro decidido em um conluio promovido por esse poder acima do poder. Mas enveredar por aí, a partir de uma mera sensação de criança ou adolescente, não seria nada além de uma teoria da conspiração com tons de lenda urbana. No entanto, ao assistir a nova minissérie documentário original da Netflix, aquelas conjecturas de antes passam a tomar forma e ganhar um status de real.


The Family: Democracia Ameaçada começa com uma proposta narrativa à qual não tenho grande admiração, misturando filmagens de reconstituição entrecortadas com os depoimentos de pessoas da vida “real”. De início, tive dificuldade em definir se se tratava de um mockumentary (documentário ficcional) ou se, de fato, era um documentário tendo como objetivo algo próximo da realidade (lembrando aqui que documentários, apesar de supostamente terem um compromisso com a verdade, assim como todo e qualquer jornalista a priori, não passam de uma de várias possíveis representações de verdade). Após alguns episódios, dos 5 que constituem a série, ele abandona esse estilo narrativo e foca diretamente mais no padrão que conhecemos desse gênero. Inspirado em dois livros do principal locutor, Jeff Sharlet, a minissérie nos apresenta um grupo de características secretas com os grandes figurões do poder norte-americano (sejam eles republicanos ou democratas), mas que se unem em torno de um único mandamento: “Jesus plus nothing” (Jesus e mais nada, ou seja, nada além de Jesus). A ideia dessas reuniões “invisíveis” é colocar os ensinamentos de Jesus no meio político e expandi-los mundo afora.



A direção de Jesse Moss vai nos colocando dentro da existência desse grupo, que surge de uma verdadeira distorção da Palavra de Deus, ao extinguir da Bíblia todos os seus livros, deixando apenas os Evangelistas e Atos dos Apóstolos, o qual rebatizam como “Atos dos Embaixadores”. Liderados por aquele que chamam de “o homem mais poderoso de Washington do qual jamais ouviu falar”, Doug Coe, esse grupo existe há décadas e consegue unir em torno da política norte-americana o que eles consideram ser o padrão tradicional pregado pela família cristã. Não à toa, eles se autointitulam “The Family” (A Família). E, com este viés ideológico, supostamente acima do político, tentam fazer os EUA caminharem em uma jornada que enalteça os valores cristãos, bem como tantos países quanto puderem influenciar. Até aí, nenhum problema: você pode começar a gritar que o Estado é laico e eu te respondo que ser laico não é ser ateu. O Estado não pode impedir liberdade de culto e crença, nem promover leis cuja base seja justificada por um pretexto religioso. Mas nada o impede de ter um viés religioso, cujos ensinamentos possam dar um norte à sociedade. No entanto, acerca desse grupo resta saber: seria essa realmente a intenção deles ou apenas um uso para que consigam ainda mais poder? Nas palavras do próprio Jeff Sharlet: “ou este é o grupo mais ingênuo do qual já ouvi falar ou é o mais cínico de todos”.

O que se segue nos próximos episódios, para nossa surpresa (ou não), é uma onda de lideranças com pontos muito semelhantes em suas propostas sendo eleitas mundo afora. O ataque à comunidade lgbtqi+ com leis proibitivas de casamento ou pena de execução (como no caso da Nigéria), sendo, inclusive, condenado por vários outros ativistas evangélicos; uma direita tradicionalista em defesa da família e dos bons costumes; presidentes eleitos sendo abençoados por orações de seus aliados em cadeia nacional. Qualquer coisa que estou a falar não soa familiar? Pois é. Até mesmo o ex-inimigo, a Rússia de Putin, surge como um desses estadistas que flerta com essa orientação: a proximidade dele com a Igreja Ortodoxa Russa e a luta pelo tradicionalismo nas famílias. O fenômeno mundial contemplado diariamente nos noticiários são coincidências, um movimento natural ou a ação daquele poder acima do poder? A teoria da conspiração aqui passa a deixar seus tons de lenda urbana e começa a ganhar um status de factual em suas proposições.


Uma das teses principais do filme, mais do que qualquer tipo de denúncia ou constatação, é o que sugere seu título em português: estaria a democracia do mundo ameaçada pela ação de um grupo que se pretende secreto saído dos Estados Unidos da América? Mas, talvez o que mais importa mesmo em nossas perguntas é a reflexão supracitada de Sharlet: seria este o grupo mais ingênuo ou o mais cínico de todos? Jesus prega o Amor e alguém governar de acordo com a Palavra de Deus não poderia trazer prejuízo a ninguém. Seria impossível. No entanto, como diz a Bíblia em vários momentos, utilizar-se da sua Palavra de forma distorcida é garantir lugar nas trevas.

Fonte: metafictions

Também poderá gostar de: Viajando pelas Séries #014 - The Society

domingo, 11 de agosto de 2019

Governo turco destrói mais de 300 mil livros.



Governo turco reprime qualquer coisa ligada a Fethullah Gülen, o clérigo muçulmano acusado pela tentativa de golpe de 2016. Até a existência da palavra 'Pensilvânia', onde Gülen mora nos EUA, é motivo para se destruir um livro.

A Turquia continua sofrendo com a censura e repressão estatal. Em 2016, em resposta a uma suposta tentativa de golpe, Recep Tayyip Erdoğan, o presidente do país, determinou a prisão de 50 mil pessoas, dentre eles, 180 eram jornalistas e escritores. Naquele mesmo ano, Heinrich Riethmüller, presidente da Associação Alemã de Editores e Livreiros, leu, durante a cerimônia de abertura oficial da feira de Frankfurt, uma carta escrita pela romancista turca Asli Erdoğan, presa pelo regime do presidente Tayyip Erdoğan. Nesta semana, o The Guardian noticiou que mais de 300 mil livros foram removidos de escolas e bibliotecas turcas e destruídos desde a tentativa de golpe de 2016. O ministro da Educação da Turquia, Ziya Selçuk, disse que o governo está reprimindo qualquer coisa ligada a Fethullah Gülen, o clérigo muçulmano norte-americano acusado pelo país de instigar o golpe militar fracassado há três anos. Para se ter uma ideia da censura realizada, um livro de matemática foi banido por apresentar as iniciais de Gülen em uma pergunta e o jornal turco BirGün informou que 1,8 milhão de livros didáticos foram destruídos e reimpressos por conterem a palavra "Pensilvânia", censurada porque é onde Gülen vive em um complexo protegido. Em apenas três anos, 29 editoras e 200 meios de comunicação e organizações de publicação foram fechados, 80 escritores foram submetidos a investigações e 5.822 acadêmicos foram demitidos de 118 universidades públicas.

A história tende a se repetir nas piores e mais sombrias partes. Quem não lembra deste mesmo acontecimento há algumas décadas atrás.
 

domingo, 4 de agosto de 2019

Livro Eleanor & Park - Rainbow Rowell


Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo.