domingo, 28 de março de 2021

Comentando Sobre o Livro "Quarto de Despejo" - Carolina Maria de Jesus


O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem à este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.
A obra retrata muito bem a vida de quem enfrenta a mesma realidade atualmente. Nada mudou de fato para a grande massa.

Comentando sobre

O livro de Carolina Maria de Jesus narra de modo fiel o cotidiano passado na favela.

Em seu texto, vemos como a autora procura sobreviver como catadora de lixo na metrópole de São Paulo, tentando encontrar naquilo que alguns consideram como sobra o que a mantenha viva.

Os relatos foram escritos entre 15 de julho de 1955 e 1 de janeiro de 1960. As entradas no diário são marcadas com dia, mês e ano e narram aspectos da rotina de Carolina.

Muitas passagens sublinham, por exemplo, a dificuldade de ser mãe solteira nesse contexto de extrema pobreza. Lemos num trecho presente no dia 15 de julho de 1955:

"Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos generos alimenticios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar."

Carolina Maria é mãe de três filhos e dá conta de tudo sozinha.
Para conseguir alimentar e criar a família ela se desdobra trabalhando como catadora de papelão, metal, e como lavadeira. Apesar de todo o esforço, muitas vezes sente que não dá conta.

Nesse contexto de frustração e extrema pobreza, é importante se sublinhar o papel da religiosidade. Diversas vezes, ao longo do livro, a fé aparece como um fator motivador e impulsionador da protagonista.

Carolina encontra na fé força, mas também muitas vezes explicação para situações cotidianas. O caso acima é bastante ilustrativo de como uma dor de cabeça é justificada por algo da ordem do espiritual.

Quarto de Despejo explora os meandros da vida dessa trabalhadora mulher e transmite a dura realidade de Carolina, o constante esforço contínuo para manter a família de pé sem passar maiores necessidades:

"Saí indisposta, com vontade de deitar. Mas, o pobre não repousa. Não tem o previlegio de gosar descanço. Eu estava nervosa interiormente, ia maldizendo a sorte. Catei dois sacos de papel. Depois retornei, catei uns ferros, uma latas, e lenha."

Por ser a única a prover o sustento da família, Carolina trabalha dia e noite para dar conta da criação dos filhos.

Os seus meninos, como ela costuma chamar, passam muito tempo sozinhos em casa e vira e mexe são alvo de críticas da vizinhança que dizem que as crianças "são mal inducadas".

Embora nunca se diga com todas as letras, a autora atribui a reação das vizinhas com os seus filhos pelo fato de ela não ser casada ("sou muito mais feliz que elas que tem marido" diz ela).

Além de trabalhar para conseguir comprar comida, a moradora da favela do Canindé também recebia doações e buscava restos de alimento nas feiras e até no lixo quando era preciso.

Pior do que a fome dela, a fome que mais doía era aquela que assistia nos filhos. E é assim, tentando escapar da fome, da violência, da miséria e da pobreza, que se constrói o relato de Carolina.

Acima de tudo, Quarto de Despejo é uma história de sofrimento e de resiliência, de como uma mulher lida com todas as dificuldades impostas pela vida e ainda consegue transformar em discurso a situação limite vivida.

domingo, 21 de março de 2021

Os 5 clássicos da literatura mundial que você não pode deixar de ler


Olá pensadores, vamos ao desafio proposto de fazer uma lista brevíssima com as obras essencias da literatura mundial. Selecionei os melhores livros independente do gênero - inclui aqui desde romances á aventura. 

Então vamos!

1- Orgulho e Preconceito - Jane Austen


O romance Orgulho e preconceito, escrito pela britânica Jane Austen, se passa no princípio do século XIX. O cenário escolhido é Longbourn, interior da Inglaterra, e a história contada é a de Elizabeth Bennet e de sua família.

Através da protagonista ficamos conhecendo diversas questões relacionadas à vida social, cultural, financeira e educacional da sociedade aristocrática inglesa.

2- Crime e Castigo - Dostoiévski


Crime e castigo é um daqueles romances universais que, concebidos no decorrer do romântico século XIX, abriram caminhos ao trágico realismo literário dos tempos modernos. Contando nele a soturna história de um assassino em busca de redenção e ressurreição espiritual, Dostoiévski chegou a explorar, como nenhum outro escritor de sua época, as mais diversas facetas da psicologia humana sujeita a abalos e distorções e, desse modo, criou uma obra de imenso valor artístico, merecidamente cultuada em todas as partes do mundo. O fascinante efeito que produz a leitura de Crime e castigo ― angústia, revolta e compaixão renovadas a cada página com um desenlace aliviador ― poderia ser comparado à catarse dos monumentais dramas gregos.

3- Dom Casmurro - Machado de Assis


Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Essa talvez seja a maior pergunta que paira até os dias de hoje na literatura brasileira. O clássico Dom Casmurro, escrito pelo célebre Machado de Assis em 1899, narra a história de um triângulo amoroso composto pelo casal Capitu e Bentinho e pelo melhor amigo do marido, Escobar. Narrado em primeira pessoa por Bentinho, o romance é uma obra prima porque é capaz de deixar em aberto todas as dúvidas que permeiam a história.

4- A Metamorfose - Franz Kafka


Quando Gregor Samsa, certa manhã, acordou de sonhos intranquilos, tudo mudou. Não só em sua vida, mas no mundo.

Ao se encontrar metamorfoseado em um inseto monstruoso, Gregor acompanha as reações de sua família ao perceberem o estranho ser em que ele se tornou. E, enquanto luta para se manter vivo e entender a sua nova realidade, reflete sobre o comportamento de seus pais, de sua irmã e de seu chefe, e de forma ainda mais angustiante, pensa na própria vida até então.

Essa pequena novela, lançada em 1915, revolucionou a literatura e as artes. De forma agressiva, acessível e inovadora, tornou-se um dos mais importantes e difundidos textos da história.

5- Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago


Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma "treva branca" que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas.O Ensaio sobre a cegueira é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".


A adaptação do romance de José Saramago para o cinema foi feita por Fernando Meirelles e acabou sendo lançada em 2008.

domingo, 14 de março de 2021

O Brasil contra a democracia: A ditadura, o golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul - Roberto Simon


Baseado em extensa pesquisa documental e escrito com brilho, “O Brasil contra a democracia” demonstra como a ditadura brasileira agiu para derrubar a democracia chilena e serviu de apoio — e modelo — na construção do regime militar sob Augusto Pinochet. Essa intervenção não foi fruto de ações episódicas e autônomas, mas de uma política de Estado.Neste livro, Roberto Simon desmonta a imagem do país como servente fiel, automaticamente alinhado a Washington: o regime militar brasileiro tinha suas motivações — geopolíticas, domésticas, ideológicas, econômicas — para intervir no Chile. Por outro lado, refuta a tese de que a ação do Brasil no Chile teria sido iniciativa de alguns radicais dentro do regime e mostra como o Itamaraty era parte fundamental da repressão a brasileiros fora do território nacional, espionando e perseguindo exilados.
“O Brasil contra a democracia” é um divisor de águas na historiografia do período e um clássico imediato.

Uma nova história sobre a política do Brasil na América do Sul dos anos 1970, que captura o leitor desde as primeiras linhas.

                      Brasil bancou Pinochet com dinheiro, comida, armas e diplomatas

domingo, 7 de março de 2021

Como evitar um desastre climático: As soluções que temos e as inovações necessárias - Bill Gates


Bill Gates passou uma década investigando as causas e os efeitos da mudança climática. Com a ajuda de especialistas nas áreas de física, química, biologia, engenharia, ciência política e finanças, ele se concentrou no que deve ser feito para impedir uma catástrofe ambiental. Neste livro, o fundador da Microsoft não explica apenas por que precisamos zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa, mas também detalha como podemos atingir esse objetivo e superar os desafios que temos pela frente.
A partir de sua experiência em inovação e de tirar ideias do papel, Gates descreve como a tecnologia já vem ajudando a reduzir as emissões, onde e como ela pode funcionar de forma mais eficaz, em quais setores precisamos de novidades e quem são os pesquisadores por trás delas. Finalmente, ele apresenta um plano prático para zerar as emissões, que inclui desde as políticas públicas até as atitudes que nós, cidadãos, podemos tomar a fim de monitorar o trabalho do governo, de nossos empregadores e de nós mesmos.
Como o autor demonstra, zerar as emissões não será fácil, mas, seguindo os conselhos deste livro, é uma meta que está plenamente a nosso alcance.