domingo, 28 de agosto de 2022

Especial Stefan Zweig.


Stefan Zweig, foi um escritor com mil e uma funções e com alguns filmes contando sua vida e outras baseadas em suas obras.

Zweig nasceu em Viena, em 1881. Era o segundo filho do industrial Moritz Zweig, originário da Boêmia, e de Ida Brettauer, oriunda de uma família de banqueiros. Seu avô materno, Joseph Brettauer viveu em Ancona, Itália, onde sua segunda filha Ida nasceu e cresceu. Seu irmão mais velho, Alfred, foi educado desde sempre para ser o sucessor do pai em seus negócios, e ambos tiveram uma infância e uma educação privilegiada, graças à boa situação financeira de seus familiares.

Stefan Zweig estudou Filosofia na Universidade de Viena, e em 1904 obteve seu doutorado com uma tese sobre “A Filosofia de Hippolyte Taine”, (foi um crítico e historiador francês, membro da Academia francesa. Foi um dos expoentes do Positivismo do século XIX, na França. O Método de Taine consistia em fazer história e compreender o homem à luz de três fatores determinantes: meio ambiente, raça e momento histórico). A religião jamais desempenhou papel central na sua formação: “Minha mãe e meu pai eram judeus apenas por acidente de nascimento”, declarou Zweig em uma entrevista. No entanto, ele nunca renegou o judaísmo e escreveu várias vezes sobre temas e personalidades judaicas, como em "Buchmendel".

Sua primeira coletânea de poemas, Silberne Saiten ("Cordas de Prata"), foi publicada em 1902. Apaixonado pelas literaturas inglesas e francesa, o escritor traduziu para o alemão obras de Verhaeren, Keats, Morris, Yeats, Verlaine e Baudelaire. Seu círculo de amizades incluía Rimbaud, Romain Rolland, Rainer Maria Rilke, Thomas Mann, Émile Verhaeren e Sigmund Freud, com o qual se correspondeu entre 1908 e 1939.

Seu sucesso como autor dramático foi confirmado em 1912, quando suas peças "A Metamorfose da Comédia" e "A Mansão à Beira-mar" foram apresentadas em Viena. Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1915, casou com a escritora Friderike von Winsternit e comprou uma casa em Salzburgo, onde viveu por quinze anos. Foi uma das fases mais ricas de sua produção literária. Escreveu as biografias de Dostoievski, Dickens, Balzac, Nietzsche, Tolstoi e Stendhal. Anos mais tarde, lançou as biografias de Maria Antonieta, Fouché, Rilke e Romain Rolland.

Conseguiu o reconhecimento como narrador, poeta e ensaísta durante os anos de 1920 e 1930. Desse período, destacam-se os romances "Amok" (1922), "Angústia" (1925) e "Confusão de Sentimentos" (1927), baseados na psicanálise.

No início da Primeira Guerra Mundial, o sentimento patriótico se disseminou com força entre os cidadãos da Alemanha e da Áustria, assim como entre suas populações judaicas. Zweig, bem como outros intelectuais judeus como Martin Buber e Hermann Cohen, aderiram à causa germânica. No entanto, jamais se alistou nas forças combatentes, e trabalhou no arquivo do Ministério da Guerra. Com o desenrolar do conflito e o banho de sangue subsequente, Zweig se tornou pacifista, assim como seu amigo Romain Rolland. Até o final da guerra e pelos anos seguintes, Zweig se manteve fiel ao pensamento pacifista, defendendo a unificação da Europa como solução para os problemas do continente.

Separou-se de sua primeira esposa, Friderike von Winsternitz, e uniu-se com sua secretária, Charlotte Elizabeth Altmann (mais conhecida como "Lotte"). Em 1933, Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha e instalou a ditadura nazista. Com suas políticas antissemitas se disseminando até além das fronteiras, não demoraria para Zweig se sentir afetado na Áustria. Em 1934 deixou o país e passou a viver na Inglaterra, entre Londres e Bath, onde se naturalizou cidadão britânico.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e o avanço das tropas de Hitler pela França e em toda a Europa Ocidental, o casal atravessou o Oceano Atlântico em 1940 e se estabeleceu inicialmente nos Estados Unidos, em Nova Iorque. Em 22 de agosto do mesmo ano, fez sua primeira viagem para o Brasil.

Conseguiu o reconhecimento como narrador, poeta e ensaísta durante os anos de 1920 e 1930. Desse período, destacam-se os romances "Amok" (1922), "Angústia" (1925) e "Confusão de Sentimentos" (1927), baseados na psicanálise.

No início da Primeira Guerra Mundial, o sentimento patriótico se disseminou com força entre os cidadãos da Alemanha e da Áustria, assim como entre suas populações judaicas. Zweig, bem como outros intelectuais judeus como Martin Buber e Hermann Cohen, aderiram à causa germânica. No entanto, jamais se alistou nas forças combatentes, e trabalhou no arquivo do Ministério da Guerra. Com o desenrolar do conflito e o banho de sangue subsequente, Zweig se tornou pacifista, assim como seu amigo Romain Rolland. Até o final da guerra e pelos anos seguintes, Zweig se manteve fiel ao pensamento pacifista, defendendo a unificação da Europa como solução para os problemas do continente.

Separou-se de sua primeira esposa, Friderike von Winsternitz, e uniu-se com sua secretária, Charlotte Elizabeth Altmann (mais conhecida como "Lotte"). Em 1933, Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha e instalou a ditadura nazista. Com suas políticas antissemitas se disseminando até além das fronteiras, não demoraria para Zweig se sentir afetado na Áustria. Em 1934 deixou o país e passou a viver na Inglaterra, entre Londres e Bath, onde se naturalizou cidadão britânico.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e o avanço das tropas de Hitler pela França e em toda a Europa Ocidental, o casal atravessou o Oceano Atlântico em 1940 e se estabeleceu inicialmente nos Estados Unidos, em Nova Iorque. Em 22 de agosto do mesmo ano, fez sua primeira viagem para o Brasil.

O exílio no Brasil e o suicídio

Zweig e Lotte empreenderam três viagens ao Brasil. Na primeira, entre 1940 e 1941, para uma série de palestras pelo país, escreveu da Bahia para Manfred e Hannah Altmann, seus cunhados:

Você não pode imaginar o que significa ver este país que ainda não foi estragado por turistas e tão interessante – hoje estive nas cabanas dos pobres que vivem aqui com praticamente nada (as bananas e mandiocas estão crescendo em volta) e as crianças se desenvolvem como se estivessem no Paraíso –, a casa inteira, desde o chão, lhes custou seis dólares e, por isso, são proprietários para sempre. É uma boa lição ver como se pode viver simplesmente e, comparativamente, feliz – uma lição para todos nós que perdemos tudo e não somos felizes o bastante agora, ao pensar como viver então.”

Foi nesta primeira viagem que Zweig, com a ajuda de Lotte, reuniu suas anotações pessoais e finalizou o ensaio “Brasil, país do futuro”. A alcunha de “País do Futuro”, criada por Zweig, se tornaria um apelido para o Brasil. De fato, apesar da depressão que já sentia por conta do desenrolar da guerra na Europa, o escritor tentava encontrar no Brasil as condições não apenas de recriar sua vida particular, mas também da antiga atmosfera de seu continente natal. Segundo Alberto Dines, autor de uma biografia do escritor, Zweig seria um dos últimos remanescentes da cultura e do modo de vida europeus do século XIX. Seu desânimo com o avanço do nazismo, na verdade, viria de muito tempo antes, desde a Primeira Guerra Mundial, quando os primeiros sinais de rompimento com a velha ordem imperial europeia se mostraram.

Zweig foi recebido com entusiasmo tanto pela comunidade intelectual local quanto pelas autoridades políticas. Para os intelectuais brasileiros, a presença de tão renomado escritor em terras nacionais trazia prestígio e oportunidades de um intercâmbio com outros escritores estrangeiros. Mas para as autoridades políticas, a chegada de Zweig, com sua bagagem liberal e antinazista, era contraditória. O governo de Getúlio Vargas se mantinha no poder graças às políticas autoritárias e muitos de seus ministros e assessores militares eram simpatizantes do nazifascismo. Isso não impediu que os elementos menos autoritários do estado brasileiro usassem Stefan Zweig para atingirem seus objetivos.

Considerando que o nosso velho mundo é, mais do que nunca, governado pela tentativa insana de criar pessoas racialmente puras, como cavalos e cães de corrida, ao longo dos séculos a nação brasileira tem sido construída sobre o princípio de uma miscigenação livre e não filtrada, a equalização completa do preto e branco, marrom e amarelo”.

A partir da terceira viagem ao Brasil, Lotte e Zweig se estabeleceram em Petrópolis, cidade na serra do Rio de Janeiro, onde finalizou sua autobiografia, "O Mundo que Eu Vi"; escreveu a novela "Schachnovelle: Conto de Xadrez" e deu início à obra "O Mundo de Ontem", um trabalho autobiográfico com uma descrição da Europa de antes de 1914.

A Morte

Em 22 de fevereiro de 1942, deprimido com o crescimento da intolerância e do autoritarismo na Europa e sem esperanças no futuro da humanidade, Zweig escreveu uma carta de despedida e suicidou-se com a esposa, Lotte, com uma dose fatal de barbitúricos, na cidade de Petrópolis, no Brasil. A notícia chocou tanto os brasileiros quanto seus admiradores de todo mundo. O casal foi sepultado no Cemitério Municipal de Petrópolis, de acordo com as tradições fúnebres judaicas.

A casa onde o casal cometeu suicídio é, hoje, um centro cultural dedicado à vida e à obra de Stefan Zweig.

Em uma nota de despedida, Zweig escreveu:

“Cada dia eu aprendi a amar mais este país e não gostaria de ter que reconstruir minha vida em outro lugar depois que o mundo da minha própria língua se afundou e se perdeu para mim, e minha pátria espiritual, a Europa, destruiu a si própria.

Mas para começar tudo de novo, um homem de 60 anos precisa de poderes especiais e meu próprio poder desgastou-se após anos vagando sem um assento. Por isso, prefiro terminar a minha vida no momento certo, como um homem cuja obra cultural foi sempre a mais pura de suas alegrias e também a sua liberdade pessoal – a mais preciosa fruição neste mundo.

Deixo saudações a todos os meus amigos: talvez vivam para ver o nascer do sol depois desta longa noite. Eu, mais impaciente, vou embora antes deles. - Stefan Zweig, 1942.”

Obras Literárias.

  • A filosofia de Hippolyte Taine (Tese de Doutorado) 1904

  • O Amor de Erika Ewald (Contos) 1904

  • As Primeiras Grinaldas (Poemas) 1906

  • Tersites (drama teatral em três atos) 1907

  • Emile Verhaeren 1910

  • Segredo Queimado 1911

  • Primeira experiência. Quatro histórias de mundo infantil 1911

  • A casa junto ao mar. Um drama em duas partes (Em três atos) 1912

  • O comediante se virou. Um jogo do rococó alemão 1913

  • Jeremias - Poema dramático em nove cenas 1917

  • Memórias de Emile Verhaeren 1917

  • O Coração da Europa - Uma visita à Cruz Vermelha de Genebra 1918

  • Lenda de uma vida (Drama teatral em três atos) 1919

  • Viagens - Paisagens e cidades1919

  • Três mestres: Balzac - Dickens – Dostoiévski 1920

  • Marceline Desbordes-Valmore, A imagem de um poeta vivo 1920

  • Romain Rolland. O homem e a obra' 1921

  • Carta de uma desconhecida 1922

  • Amok. Histórias de paixão 1922

  • Os olhos do irmão eterno. Uma lenda 1922

  • Frans Masereel (com Arthur Holitscher) 1923

  • Os poemas reunidos 1924

  • A monotonia do mundo (Ensaio)1925

  • Ansiedade 1925

  • A batalha com o demônio, Hölderlin - Kleist – Nietzsche 1925

  • Ben Johnson ‘Volpone’. Uma comédia sem amor em três atos (Livremente editado por Stefan Zweig. Com seis pinturas de Aubrey Beardsley) 1926

  • O fugitivo. Episódio do Lago Genebra 1927

  • Adeus a Rilke. Um discurso 1927

  • A confusão de emoções. Três novelas (Vinte e Quatro Horas na Vida de Uma Mulher, O Naufrágio de um Coração e A Confusão de Sentimentos) 1927

  • Grandes momentos da humanidade. Cinco miniaturas históricas 1927

  • Três poetas de sua vida. Casanova - Stendhal – Tolstoi 1928

  • Rachel pede a Deus 1928

  • Joseph Fouché. Retrato de uma pessoa política 1929

  • O cordeiro do pobre. Tragicomédia em três atos 1929

  • A cura através do Espírito. Mesmer - Mary Baker Eddy e Freud 1931

  • Maria Antonieta. Retrato de um personagem central 1932

  • Triunfo e Tragédia de Erasmo de Rotterdam 1934

  • A Mulher Silenciosa. Ópera cômica em três atos 1935

  • Mary Stuart 1935

  • 24 horas na vida de uma mulher 1935

  • Pequenas Histórias Selecionadas – ‘A cadeia’ e ‘Caleidoscópio’ 1936

  • Castellio ou Contra Calvino. Uma consciência contra a violência 1936

  • O candelabro enterrado 1937

  • Encontros com pessoas, livros e cidades 1937

  • Fernão de Magalhães. O homem e sua ação (Biografia) 1938

  • Cuidado da Piedade 1939

  • Brasil, País do Futuro (Ensaio) 1941

  • Schachnovelle: Conto de Xadrez 1942[15]

  • Tempo e lugar. Ensaios e Palestras selecionados – 1904-1940 (1943)

  • O Mundo que Eu Vi - Memórias de um Europeu 1942

  • Amerigo. A história de um erro histórico 1944

  • Lendas de Estocolmo 1945

  • Balzac. Romance de sua vida 1946

  • Fragmentos de um romance 1961

  • Ruído da transformação 1982

  • Cordas de prata (Poemas) 1901

Zweig escreveu também uma espécie de autobiografia, intitulada O Mundo Que Eu Vi (Die Welt von Gestern), na qual relata episódios de sua vida tendo como base os contextos históricos do período em que viveu (como, por exemplo, a Monarquia Austro-Húngara e a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais).

No cinema

  • Seu conto foi adaptado para o cinema no filme A Coleção Invisível lançado em 2012 nos festivais e 2013 nos cinemas.

  • O filme O Grande Hotel Budapeste (2014) foi inspirado em seus trabalhos.

  • O filme Stefan Zweig - Adeus, Europa estreou em junho de 2016 na Alemanha e retrata a fuga de Stefan Zweig da Europa em guerra. Embora traduzido como "Adeus, Europa" em português e o equivalente "Farewell to Europe" em inglês, o título original "Vor der Morgenröte" (em alemão) significa "Antes do Amanhecer". O filme foi dirigido por Maria Schrader e é estrelado por Josef Hader no papel de Stefan Zweig.

  • O filme Schachnovelle de Philipp Stölzl, lançado em 2021

  • Há um filme e um documentário sobre Zweig, ambos dirigidos por Sylvio Back, intitulado Lost Zweig. Quem interpreta Zweig é o ator Rüdiger Vogler, e sua esposa Lotte é representada por Ruth Rieser.

Também poderá gostar de: Especial Svetlana Aleksiévitch.
                                            

domingo, 21 de agosto de 2022

Em Busca de Nós Mesmos - Clóvis de Barros Filho e Pedro Calabrez.


Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Perguntas manjadas, é verdade. Mas quem nunca pensou nisso pelo menos uma vez na vida? O questionamento sobre nossa existência, origem e destino tem sido tema de profunda reflexão dos maiores pensadores da humanidade ao longo de três mil anos e, mais recentemente, dos cientistas. As perguntas são as mesmas desde que o homem começou a pensar. As respostas não. Muito pelo contrário. Filósofos e cientistas de todas as épocas e escolas têm se dedicado também a inquietações bem mais pessoais. O que devo fazer para viver melhor? O que acontece dentro de mim quando me apaixono? As respostas variam. E muito. Em busca de nós mesmos é uma pequena e agradável viagem pela história da evolução do pensamento e do conhecimento humano. O diálogo informal de Clóvis de Barros Filho e Pedro Calabrez apresenta respostas da filosofia (com as ideias de Aristóteles, Platão e Spinoza, entre outros) e das ciências da mente (psicologia e neurociências) — e instiga o leitor a chegar a suas próprias conclusões. Clóvis e Calabrez aproximam a filosofia da ciência, revelando a complementaridade dessas visões. E aproximam ambas do leitor com um texto descontraído e acessível.

domingo, 14 de agosto de 2022

Pacto com o Diabo - Roger Moorhouse


A história definitiva do pacto que uniu Hitler e Stálin de 1939 a 1941.

Por quase dois anos, os dois ditadores mais implacáveis da história – e tidos como inimigos mortais – foram colaboradores ativos. Hitler e Stálin assinaram um pacto de não agressão que chocou o mundo, mas que durou quase um terço da Segunda Guerra Mundial. Entendê-lo é a chave para compreender o desenrolar da guerra e seu desfecho.

O renomado historiador Roger Moorhouse explica como dois poderes ideologicamente opostos mantiveram uma parceria brutal e eficiente, na qual trocaram matéria-prima e maquinário e orquestraram a divisão da Polônia e dos Países Bálticos. Ao compartilhar equipamentos e expertise tecnológica, os nazistas e soviéticos tornaram possível uma guerra muito mais sangrenta e prolongada. Como consequência, milhões foram mortos ou deportados.

Com base em extensa pesquisa e uma narrativa arrebatadora, O pacto do diabo é a história detalhada do pacto nazi-soviético e um retrato minucioso das pessoas cujas vidas foram irremediavelmente afetadas por ele.

"Um relato assustador de diplomacia cínica, poder sem limites e falsidade, cujos ecos podem ser ouvidos ainda hoje." – Daily Telegraph

"Um ótimo relato sobre o que o pacto significou para Hitler e Stálin – e, pior, para suas vítimas." – New York Review of Books

Autor
Roger Moorhouse estudou história na Universidade de Londres e é professor visitante no Colégio da Europa em Varsóvia. É historiador e autor especialista em Alemanha moderna e Europa Central, com particular interesse pela Alemanha nazista, pelo Holocausto e pela Segunda Guerra Mundial na Europa. Mora em Hertfordshire, na Inglaterra.

Obs: recomendo a leitura auxiliar de Stálin volume 1: paradoxos do poder - Stephen Kotkin.

domingo, 7 de agosto de 2022

Escravidão volume 3 - Da independência do Brasil á Lei Áurea - Laurentino Gomes.



O tão esperado terceiro e último volume da trilogia Escravidão, de Laurentino Gomes

Na tarde em que o príncipe dom Pedro chegou às margens do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, o Brasil estava empanturrado de escravidão. Comprar e vender gente era o maior negócio do novo país independente. Homens e mulheres escravizados perfaziam mais de um terço do total de habitantes, estimado em 4,7 milhões de pessoas. Outro terço era composto por negros forros e mestiços de origem africana – uma população pobre, analfabeta e carente de tudo, dominada pela minoria branca. Os indígenas, já dizimados por guerras, doenças e invasão de seus territórios, sequer apareciam nas estatísticas.

O último livro da trilogia Escravidão é dedicado ao século XIX; à Independência; ao Primeiro e ao Segundo Reinados; ao movimento abolicionista, que resultou na Lei Áurea de 13 de maio de 1888; e ao legado da escravidão, que ainda hoje emperra a caminhada dos brasileiros em direção ao futuro. A escravidão era, na definição de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, "uma doença que contaminava e roía as entranhas da sociedade brasileira". Disseminado por todo o território, o escravismo perpassava todas as atividades e todas as classes sociais. Maior território escravista da América em 1822, o Brasil assim se manteria até o final do século XIX, com sua rotina pautada pelo chicote e pela violência contra homens e mulheres escravizados.

Nenhum outro assunto é tão importante e tão definidor da nossa identidade nacional quanto a escravidão. Conhecê-lo ajuda a explicar o que fomos no passado, o que somos hoje e também o que seremos daqui para a frente. Em um texto impactante e ricamente ilustrado com imagens e gráficos, Laurentino Gomes lança o terceiro volume de sua obra, resultado de 6 anos de pesquisas, que incluíram viagens por 12 países e 3 continentes.

Opinião

Laurentino definitivamente registra com excepcional talento seu nome na historiografia brasileira, uma vez ser ininteligível estudar um dos temas mais importantes da história do Brasil, sem a leitura desta sua atual e final trilogia.

A primorosa edição oferece quase 600 páginas uma leitura completa e apurada do período da escravidão, com rico material fotográfico, completa bibliografia e 29 capítulos a revelar que "comprar e vender gente era o maior negócio do Brasil", num texto que somente com profunda pesquisa e rigor acadêmico o autor oferta ao leitor o melhor de seu trabalho.

Neste ano do Bicentenário da Independência do Brasil, a leitura de Escravidão é essencial para entendermos como chegamos até aqui e o que é ainda necessário fazer para um dia sermos verdadeiramente uma sociedade democrática e plural.

Também poderá gostar de: Escravidão Vol. II