sábado, 16 de abril de 2022

O ESPELHO E A MESA: MEMÓRIAS DE INFÂNCIA E JUVENTUDE - ROBERTO DE POMPEU DE TOLEDO


Na fronteira entre a autobiografia e a ficção, esse quase-romance narra histórias de família relembradas por meio de objetos herdados por Roberto Pompeu de Toledo. Em um saboroso e refinado texto, acompanhamos a formação do jornalista e suas reflexões sobre o que sobrevive ao tempo. Um relato afetuoso que ressoa em nossas próprias memórias.

“Conservar a edição em que primeiro se leu um livro é condição para tentar recuperar a emoção original, ao revisitá-lo”, e Roberto Pompeu de Toledo conservou-os, muitos. Quando adolescente, anotava num caderno as frases e poemas que mais o impactavam. Hoje, registra aqui suas lembranças e reflexões.

Um espelho, um piano, uma águia de bronze, uma escrivaninha, fotografias, bilhetes e cartas — por meio desses tantos objetos que guardou consigo, o autor dribla o inexorável fluxo do tempo, revivendo histórias de pais, tias e tios, avós, amigos, professores. Em sua prosa fina, eventos políticos e sociais vão se desenrolando como pano de fundo dessas inúmeras trajetórias. Aqui, realidade e imaginação andam de braços dados. Se a memória ou o incansável trabalho de pesquisa falham, Roberto Pompeu completa as lacunas imaginando os anseios, expectativas e motivações de seus personagens.

Em busca dos vestígios de um tempo que não mais retornará, mas que ainda espreita e se revela a quem se dispõe a recuperá-lo, Roberto Pompeu compõe uma obra tocante. Afinal, “contar o tempo é uma grande ilusão, como todos sabemos, mas — e se não contássemos?”.

Autor


Paulistano de 1944, Roberto Pompeu de Toledo começou a carreira jornalística em 1966, tendo passado por revistas, rádios e jornais de destaque nacional. Colunista da revista Veja, é autor de O presidente segundo o sociólogo (1998), fruto de uma longa entrevista com Fernando Henrique Cardoso, e A capital da solidão (2003), uma história da cidade de São Paulo desde suas origens como primeira vila do interior do Brasil até o início do século 20 quando se desenvolve como metrópole. O livro A capital da vertigem (2015) é uma continuação do livro anterior.


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