domingo, 16 de abril de 2023

O Hacker de Hong Kong - Chan Ho-kei

Após uma infância difícil, a bibliotecária Nga-Yee teve de aprender a enfrentar a vida ao lado da irmã mais nova, Siu-Man. Pela primeira vez desde a morte dos pais, elas começam a viver com certa estabilidade. Certo dia, ao voltar do trabalho, Nga-Yee se depara com uma multidão diante de seu prédio, e nada poderia tê-la preparado para aquela cena: cercado pela polícia e pelos pedestres, está o corpo de Siu-Man. A jovem pulou do vigésimo segundo andar. Sem conseguir acreditar na hipótese de suicídio, Nga-Yee se lança em uma perturbadora investigação pelo submundo de Hong Kong. Aos poucos, algumas peças vão se encaixando para explicar a tragédia, enquanto outros mistérios despontam: viagens de metrô, acusações na internet, cyberbullying. E é esse caminho tortuoso que leva Nga-Yee a N, um homem sombrio que pode ser a peça-chave em sua busca por respostas ― e também sua única chance de fazer justiça.

Opinião

A obra traz uma miscelânea de temas que vão se interligando para formar um intrincado e ágil suspense desses pra devorar as páginas – e o livro é um belo calhamaço de quase quinhentas páginas. Mas isso pouco importa. A partir do momento em que o jogo de vingança dessa história prender a sua atenção, você nem vai se dar conta da quantidade de páginas lidas.

A primeira grande característica dessa obra é o bom uso da tecnologia para a construção do suspense. O hacker que dá título ao livro, conhecido como N, é um personagem incomum, meio anti-herói, mas detentor de conhecimentos que acessam qualquer dispositivo em qualquer lugar. Ao longo da história vamos acompanhar diferentes tecnologias e macetes para hackear, se infiltrar, roubar dados, filmar ambientes e empurrar personagens para as mais diferentes reações.

Outro ponto é que o livro tem uma narrativa muito ágil, fazendo jus à classificação de thriller de ação. Nós somos jogados em uma brincadeira de gato e rato para desvendar um mistério e depois colocar em jogo um plano de vingança. Isso acontece em duas tramas aparentemente distintas, mas que lá na etapa final vão se unir e trazer um belo de um plot twist desses que deixam os leitores entusiasmados com o quanto foram enganados. Chan Ho-Kei soube trabalhar suas histórias de um jeito que não conseguimos em nenhum momento captar a menor sombra de onde é que elas vão se unir.

Chan Ho-Kei vai esfregar na cara dos leitores o quanto o comportamento protegido por trás das telas pode alterar fatos e destruir vidas. A manipulação que a internet permite é algo que talvez nenhum de nós faça a menor ideia do quão grande e perigoso é. As cenas que se passam a partir de fóruns em um site facilmente vão nos lembrar o que vemos dia a dia no Twitter, por exemplo. Há personagens prontos para julgar, emitir opiniões ou instigar os outros a qualquer coisa. Até mesmo renunciar à vida.

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