Obra-prima em termos de pensamento original e pesquisa, A era do capitalismo de vigilância, de Shoshana Zuboff, apresenta ideias alarmantes sobre o fenômeno que ela nomeou capitalismo de vigilância. Os riscos não poderiam ser maiores: uma arquitetura global de modificação comportamental ameaça impactar a humanidade no século XXI de forma tão radical quanto o capitalismo industrial desfigurou o mundo natural no século XX.
Zuboff chama a atenção para as consequências das práticas de empresas de tecnologia sobre todos os setores da economia. Um grande volume de riqueza e poder vem sendo acumulado em sinistros “mercados futuros comportamentais”, nos quais os dados que deixamos nas redes são negociados sem o nosso consentimento e a produção de bens e serviços segue a lógica de novas “formas de modificação de comportamento”.
A ameaça não é mais um estado totalitário simbolizado pelo Grande Irmão da literatura de George Orwell, mas uma arquitetura digital presente em todos os lugares, agindo em prol dos interesses do capital de vigilância. Estamos diante da construção de uma forma de poder inédita, caracterizada por uma extrema concentração de conhecimento que não passa pela supervisão da democracia.
A análise perturbadora e embasada de Zuboff escancara as ameaças da sociedade do século XXI: vivemos em uma “colmeia” de conexão plena, que a todos seduz com a promessa de lucro máximo garantido, mesmo que à custa da democracia, da liberdade e do futuro da humanidade.
Enfrentando pouca resistência por parte da lei e da sociedade, o capitalismo de vigilância está em vias de dominar a ordem social e moldar o futuro digital ― se nós assim permitirmos.
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