Sejam bemvindos a CCXPWorls, que este ano foi totalmente online, (porque né essa tal de pandemia), esse festival geek/nerd onde voçê fica sabendo dos projetos de e bastidores do mundo do entretenimento. O evento acontece nos dias 4, 5 e 6 de dezembro.
No primeiro dia o destaque foi Neil Gaiman
Neil Gaiman tem uma bela relação com o Brasil. Embora tenha um público fiel e seja o principal personagem de uma curiosa lenda urbana no país, o relacionamento do escritor com seus leitores brasileiros começou pouco depois de Sandman ser publicado pela primeira vez, em 1989. “Naquela época, a DC Comics me enviava as edições estrangeiras dos meus quadrinhos à medida que eles eram lançados”, lembra o autor, que se mostrou impressionado com a versão lançada no Brasil. “As edições brasileiras eram melhores que as norte-americanas, elas tinham versões mais detalhadas das artes ao invés de anúncios na contracapa, artigos explicando e expandindo [a história] no interior”.
Homenageado durante a CCXP Worlds, Gaiman não escondeu seu desejo de poder comparecer à versão física da convenção e lembrou de suas visitas ao país. “A primeira vez que fui para o Brasil, acho que era 1998, eu fui muito bem recebido. Eu estava em um lugar que eu queria estar, eu estava animado de estar aí. Eu fui, conheci pessoas e voltei em 2002, para bienal".
A longa jornada de Sandman para a TV
Apesar de estar perto de completar 32 anos e já ter tido um de seus derivados – Lucifer – adaptado para a televisão, Sandman precisou percorrer um longo caminho antes de chegar à Netflix - com estreia esperada para 2021. Falando sobre essa trajetória, Gaiman lembrou de uma reunião no começo dos anos 2000, em que tentou convencer produtores da Warner a adaptar a obra. Ao fim da apresentação, um dos executivos de alto escalão que ouvia o autor e sua equipe afirmou que as franquias de maior sucesso na época, Harry Potter e Senhor dos Anéis, tinham “vilões bem definidos”. “[Ele perguntou] ‘Sandman tem um vilão bem definido?’ E eu disse ‘não mesmo’. E me responderam ‘bom, foi ótimo te ver, muito obrigado por vir’”. Ao longo dos anos, outras adaptações do quadrinho seriam idealizadas e abandonadas pelo caminho.
A inexperiência de Gaiman nos bastidores de produção também afetou a chegada de Sonho às telas. Segundo o autor, ele costumava apenas aceitar quando produtores e executivos afirmavam que determinadas cenas não poderiam ser gravadas por causa de orçamento. As coisas mudaram, no entanto, após receber um conselho de Steven Moffat, de Doctor Who e Sherlock. “Ele disse que quando precisa cortar uma cena e escrever uma nova por problemas orçamentais, ele tenta escrever uma cena ainda melhor. ‘Tento fazer uma tão boa que agora aparecerá nas coletâneas de YouTube”.
Gaiman pôde colocar a dica do amigo em prática quando assumiu o posto de showrunner de Belas Maldições, série do Amazon Studios que adaptou o livro homônimo que escreveu com Terry Pratchett. Em determinado momento, os personagens de Michael Sheen e David Tennant presenciariam a estreia de Hamlet, clássico de William Shakespeare. O alto número de figurantes com trajes vitorianos elevou o preço da cena, que precisou ser substituída. “Minha reação foi ‘ótimo, transformo [a peça] em um ensaio ou em um desastre’ e Douglas [Mackinnon], o diretor, disse ‘faça ser um desastre’ (...) Então eu escrevi uma cena melhor”.
Por enquanto, a série de Sandman não precisou passar por cortes. Ainda no processo de gravar o piloto para a Netflix, a produção teve mais “problemas relacionados à Covid” do que empecilhos causados pelo orçamento. Além disso, a plataforma de streaming parece estar dando a liberdade que Gaiman não encontrou em outros estúdios para levar Sonho, Morte e os outros Perpétuos para as telas. “Nós estamos fazendo a série de Sandman. Não é ‘tipo Sandman’, não é ‘parecido com Sandman’, não é ‘quase Sandman’, não é nada disso. É Sandman. Estamos mesmo fazendo isso”.
32 ano depois de se tornar um ídolo no Brasil e no mundo, Neil Gaiman mantém Sandman firme e forte no imaginário popular. Com a promessa de uma adaptação fiel de sua obra prima, o escritor deixou a CCXP Worlds encantada com seu já conhecido charme e o otimismo de uma série que pode entrar para a história, junto com os gibis lançados pela Vertigo há mais de três décadas.
Já no segundo dia o destaque ficou com Kate Sackhoff de Battlestar Galactica e representatividade.
O tema da representatividade é altamente discutido em 2020, mas não era uma realidade tão grande em 2004, ano de lançamento da primeira temporada de Battlestar Galactica. Katee Sackhoff, intérprete da Tenente Starbuck na série, esteve em um painel na CCXP Worlds e falou sobre o tema:
“Eu acho que se o programa fosse feito hoje, o público ia perguntar por que não tem mais mulheres! Eu acho que avançamos muito no cinema pra ter representação para todos e isso é algo que se tornou mais comum. Eu acho que vamos ver mais disso no futuro e é algo muito bom”, afirmou a atriz, que faz uma personagem interpretada originalmente por um homem na série clássica.
Sackhoff falou também da importância de ter referências femininas no cinema e na TV, algo que não era tão comum há algumas décadas: “Um dos motivos pro Bruce Willis ser tão influente na minha infância, é porque não haviam muitas mulheres fortes e atléticas em diferentes gêneros enquanto eu crescia. Nós tínhamos Sigourney Weaver, Linda Hamilton e Lucy Lawless, mas nós não tínhamos um grande número dessas mulheres na televisão e essa representação é algo tão importante, por tantos motivos diferentes”, disse a atriz, completando ainda que, nos bastidores de Battlestar Galactica, nunca houve realmente uma discussão sobre a mudança de gênero da personagem. “Nós nunca validamos as escolhas ou existência da Starbuck e nem as falhas dela por ela ser mulher. Era simplesmente quem ela era e eu acho que esse é o motivo pra personagem ser tão importante e continuar sendo importante para mulheres e garotas”.
Presente atualmente na série da Netflix Outra Vida (Another Life), a atriz deu uma prévia do que os fãs podem esperar: “Essa temporada é tão louca quanto a anterior. É uma viagem louca a partir do momento que você começa a ver o episódio 1. Haverão várias mudanças. No final da temporada anterior, minha personagem Niko tomou uma decisão que ela achou que seria a melhor, mas o resultado não foi exatamente o que ela imaginou. Então a encontramos nesta temporada realmente em conflito sobre como ser uma boa líder, mas também completar sua missão e o que ela está disposta a sacrificar”.
No terceiro e último dia
Fonte: Omelete.
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