domingo, 27 de maio de 2018

Livro Manuscrito Encontrado Em Accra - Paulo Coelho.


14 de julho de 1099. Enquanto Jerusalém se prepara para a invasão dos cruzados, um grego conhecido como Copta convoca uma reunião com os jovens e velhos, homens e mulheres da cidade. A multidão formada por cristãos, judeus e muçulmanos chega à praça achando que irá ouvir uma preleção sobre como se preparar para o combate, mas não é isso que o Copta tem a lhe dizer. Tudo indica que a derrota é iminente, mas o grego só quer instigar as pessoas a buscarem a sabedoria existente em sua vida cotidiana, forjada a partir dos desafios e dificuldades que têm de enfrentar. O verdadeiro conhecimento, acredita, está nos amores vividos, nas perdas sofridas, nos momentos de crise e de glória e na convivência diária com a inevitabilidade da morte. Na tradição de O Profeta, de Khalil Gibran, o Manuscrito encontrado em Accra, de Paulo Coelho, é um convite à reflexão sobre nossos princípios e nossa humanidade.

Opnião
Para começar, é importante dizer que “Manuscrito Encontrado em Accra” é uma adaptação feita pelo autor a partir de peças originais descobertas no ano de 1945, em uma caverna na região do Alto Egito. Diferentemente do que alguns possam pensar, adaptar um texto literário não é o mesmo que traduzir um documento, meramente. É necessário estar sintonizado com suas linhas, o que, na minha opinião, faz de Paulo Coelho um dos mais, se não o mais indicado para esta tarefa em particular. Os temas apresentados estão mais do que de acordo com a sua filosofia, o que pode-se comprovar a partir da leitura de seus tomos anteriores.

INVASÃO DOS CRUZADOS

O prefácio, única parte, creio, que foi tecido originalmente pelo escritor, é curto e mostra a que veio. Serve para nos situar dentro do universo que será apresentado ao longo das demais 173 páginas.


Os acontecimentos apresentados no “Manuscrito” ocorrem todos em um único dia: 14 de julho de 1099, na cidade de Accra, ou Acre, atualmente pertencente ao estado de Israel, na noite anterior à invasão das forças cruzadas francesas durante a Idade Média, um ataque que, ao raiar do sol, vitimaria centenas de moradores, entre militares e civis.

Eixo de convergência – Em Acre então viviam em harmonia cristãos, judeus e muçulmanos, ou seja, era um ponto de reunião pacífica das principais correntes religiosas do mundo ocidental. Dentre esses personagens, surge o protagonista, um erudito grego chamando aqui apenas de Copta. A Grécia era, então, conhecida pela sua tradição de homens e mulheres sábios e letrados, filósofos questionadores, que por não pertencerem oficialmente a nenhuma das três religiões podiam enxergá-las com um olhar mais crítico.

Na véspera da invasão, quando não havia mais esperança, os habitantes de Acre se juntam diante do Copta para debater sobre questões fundamentais “da vida, do universo e de tudo mais”, e quem as responde é justamente o grego, que por ser um estrangeiro tinha o distanciamento e a sagacidade necessários para beber das filosofias judaica, cristã e muçulmana e traduzi-las sem a imposição dos dogmas normalmente apresentados pelos clérigos.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

“Manuscrito Encontrado em Accra” toma a forma, portanto, de um diálogo em que os desesperados moradores da cidade fazem perguntas ao Copta e escutam pacientemente suas respostas. Todas essas respostas são carregadas de conhecimento não necessariamente religioso, mas espiritual.

Enquanto ele falava, certos escribas anônimos anotavam suas frases, e foi assim que o original chegou às nossas mãos.

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