domingo, 26 de abril de 2020

O Tatuador de Auschiwitz - Heather Morris.


Nesse romance histórico, um testemunho da coragem daqueles que ousaram enfrentar o sistema da Alemanha nazista, o leitor será conduzido pelos horrores vividos dentro dos campos de concentração nazistas e verá que o amor não pode ser limitado por muros e cercas.

Lale Sokolov e Gita Fuhrmannova, dois judeus eslovacos, se conheceram em um dos mais terríveis lugares que a humanidade já viu: o campo de concentração e extermínio de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. No campo, Lale foi incumbido de tatuar os números de série dos prisioneiros que chegavam trazidos pelos nazistas – literalmente marcando na pele das vítimas o que se tornaria um grande símbolo do Holocausto. Ainda que fosse acusado de compactuar com os carcereiros, Lale, no entanto, aproveitava sua posição privilegiada para ajudar outros prisioneiros, trocando joias e dinheiro por comida para mantê-los vivos e designando funções administrativas para poupar seus companheiros do trabalho braçal do campo.

Nesse ambiente, feito para destruir tudo o que tocasse, Lale e Gita viveram um amor proibido, permitindo-se viver mesmo sabendo que a morte era iminente.





domingo, 19 de abril de 2020

Nove Noites - Bernado Carvalho.


Na noite de 2 de agosto de 1939, um jovem e promissor antropólogo americano, Buell Quain, se matou aos 27 anos, de forma violenta, enquanto tentava voltar de uma aldeia indígena no coração do Brasil para a civilização. O caso se tornou um tabu para a antropologia brasileira, foi logo esquecido e permaneceu em grande parte desconhecido do público. Sessenta anos depois, ao tomar conhecimento da história por acaso, num artigo de jornal, o narrador é levado a investigar de maneira obsessiva e inexplicada as razões do suicídio do antropólogo. Em sua busca obstinada pelas cartas do morto ou pelo testamento de um humilde engenheiro que ficara amigo do antropólogo nos seus últimos meses de vida, o narrador é guiado por razões pessoais que não serão reveladas até o final do romance, mas que dizem respeito a sua experiência de criança na selva, à história e à morte de seu próprio pai. Este livro narra a descida ao coração das trevas vivenciadas pelo jovem expoente da antropologia americana às vésperas da Segunda Guerra. A história é contada em dois tempos, na combinação progressiva entre a busca pelo testamento do engenheiro e a pesquisa que o narrador vai fazendo em arquivos, atrás das cartas do antropólogo e dos que o conheceram na época e na tribo dos índios krahô, no interior do sertão brasileiro. A história de Buell Quain revela as contradições e os desejos de um homem sozinho numa terra estranha, confrontado com seus próprios limites e com a alteridade mais absoluta, numa narrativa que faz referências aos romances de Joseph Conrad e aos relatos do escritor inglês Bruce Chatwin.

domingo, 12 de abril de 2020

‘As livrarias servem de oxigênio social e intelectual para o confinamento’




A livraria La Buena Vida, de Madri, foi reconhecida como livraria cultural em 2018. Por conta da crise do coronavírus, está com as suas portas fechadas, mas não deixou de atender seus clientes. Jesús Trueba, proprietário e livreiro da La Buena Vida, para contar como está a sua rotina de trabalho nesse período de isolamento social. A conversa com Jesús dá início à série Papo do Confinamento.

Como você acha que o mercado do livro será afetado pela crise provocada pela pandemia de covid-19? Quais as áreas ou companhias que sofrerão mais?

Jesús Trueba – Como em qualquer setor, as consequências desta crise são totalmente imprevisíveis, porque não há precedentes. O que posso te assegurar é que o tecido das livrarias independentes tem um grau de exposição ao risco muito alto. Por um lado, estamos muito atomizadas e passamos por baixo do radar de muitas políticas públicas. Por outro, todos os grandes problemas econômicos nos afetam: a gentrificação e o boom imobiliário; a crise do comércio de vizinhança e do varejo tradicional; a escassa margem de lucro e o baixo poder de negociação.



Como livreiro, acredita que a sua livraria poderá minimizar essas perdas?

JT - Nós nos consideramos um serviço público e nos posicionamos como um comércio de bairro, que assegura uma forma de vida e a interação social em nossas comunidades. Seus problemas são nossos problemas. Temos potencializado nossa competitividade no mercado eletrônico, oferecendo serviços e atividades. Mas nada pode ser feito contra a competição desigual com multinacionais que pagam nem um terço dos impostos que nós pagamos. E pagamos com prazer porque entendemos que colaboramos com os nossos serviços sociais públicos.

Como você acredita que a crise afetará o mercado de livros digitais? Acha que pode criar um desequilíbrio com o livro físico?

JT - O livro digital segue sem decolar. É ainda uma expectativa. Em mercados mais maduros, inclusive, até diminuiu. Não quero falar do livro digital. É como se me pedisse para falar de cinema. O livro em papel subvenciona boa parte dos conteúdos digitais, cujas receitas dificilmente poderiam custear as traduções e os adiantamentos. Essa sim é uma realidade.

Como o vírus afetou a sua vida profissional?

JT - Mesmo com as portas fechadas, estamos trabalhando de segunda a sexta, das 11h às 13h para dar conta de pedidos, fazer a manutenção, cuidar da parte administrativa e para nos sentir úteis. Caso contrário...

O que recomendaria às pessoas que estão confinadas em casa?

JT - Há muito mais não leitores do que leitores. Esta crise é uma oportunidade para que pessoas que nunca pegam um livro nas mãos descubram o poder curador de se concentrar mentalmente em uma história que não é a sua própria e, mesmo assim, se envolver com ela. É aprender e adquirir empatia. Começar com sessões de leitura de dez minutos, várias vezes ao dia. Essa é a minha recomendação.

A La Buena Vida segue atendendo sua cliente pela internet. Por que tomou essa decisão?

JT - Seguimos porque, entre outras coisas, o próprio Estado tem ajudado, há alguns anos, o setor comercial como um todo a se digitalizar e nós nos aproveitamos essa oportunidade. Creio que fazer o uso dessas ferramentas agora é a única coisa que podemos fazer para ajudar-nos e fazer que as instituições vejam que as ajudas têm efeitos benéficos em todo o tecido empresarial.

No nosso caso, chegamos a um acordo com alguns dos nossos fornecedores habituais que realizam a operação de pedidos dentro das suas próprias instalações, eliminando etapas e intervenções de pessoas, assim como otimizando os recursos disponíveis, que são escassos.

Não seria justo deixar que só os grandes conglomerados, que não pagam impostos equivalentes em nosso país, pudessem operar. Se, por razões sanitárias, se decretasse que estes serviços não poderiam ser oferecidos, não teríamos nenhum problema em respeitar, porém, daí, ninguém poderia oferecê-los de igual modo.

Como tem gerenciado todo o processo, respeitando os protocolos sanitários?

JT - Não existe nenhum processo além daqueles realizados por um supermercado no fornecimento de alimentos, por exemplo. Além disso, nosso produto não é perecível. Existem serviços mínimos e não há contato com o público. Em Bruxelas, as livrarias ficaram de fora do fechamento do comércio. Eles entendem que as livrarias não são lugares de aglomeração de pessoas e que, ao contrário, servem de oxigênio social e intelectual para o confinamento.

Há algo que queira acrescentar?

JT - Me parece surpreendente que, em uma situação como a atual, sociedades de grande tradição democrática como as europeias possam confinar seus cidadãos em casa mediante um decreto e que, no entanto, não consigam decretar medidas igualmente excepcionais para impor a grandes empresas de tecnologia a retenção de impostos na fonte. É realmente triste e significativo.

Fonte: Publishnews.

sábado, 4 de abril de 2020

Como será o mundo após o coronavírus, segundo o escritor Yuval Noah Harari


Por causa do coronavírus, a humanidade está enfrentando uma das maiores crises da história, segundo o israelense Yuval Noah Harari, autor do best-seller “Sapiens– Uma Breve História da Humanidade”.

Diante desse cenário, disse o historiador em um texto publicado no Financial Times, as pessoas precisam fazer duas importantes escolhas.
A primeira é entre a vigilância totalitária de governos e o empoderamento do cidadão. A segunda é entre o isolamento nacionalista e a solidariedade global.

Vigilância excessiva ou saúde?


Para enfrentar a pandemia, diversos países já estão monitorando a saúde de seus cidadãos. Na Coréia do Sul, por exemplo, o governo está usando dados de localização de smartphones e registros de compras com cartão de crédito para rastrear movimentos de pacientes com coronavírus.

Na China, epicentro do vírus, o Estado tem milhões de câmeras de reconhecimento de rostos e obriga as pessoas a verificar temperatura corporal e condição médica. Já na Lombardia, região da Itália que mais sofre com a disseminação do Covid-19, os governantes estão analisando os dados de localização transmitidos pelos telefones dos italianos.

Essa vigilância, segundo Harari, tem dois lados. O aspecto positivo, falou, é que as cadeias de infecção pelo vírus podem diminuir drasticamente e até serem cortadas por completo em questão de dias por causa do monitoramento. Por outro lado, falou o escritor, isso daria legitimidade a um “novo e aterrador sistema de vigilância”.

Se as empresas e os governos começarem a coletar nossos dados biométricos em massa, eles podem nos conhecer muito melhor do que nós mesmos, e podem não apenas prever nossos sentimentos, mas também manipular nossos sentimentos e nos vender o que quiserem – seja um produto ou um político. O monitoramento biométrico faria as táticas de hackers de dados da Cambridge Analytica parecerem algo da Idade da Pedra”.

Solidariedade global versus desunião


Outro ponto abordado por Harari no texto é a questão da colaboração entre as nações. Os países deveriam, falou o escritor, compartilhar informações de maneira aberta e humilde, tanto na área médica como na área econômica. Dessa forma, falou, uma descoberta de saúde feita na China ou na Itália, por exemplo, poderia contribuir com o combate do vírus no Brasil e em outros países.

No entanto, disse Harari, atualmente os países dificilmente agem dessa forma. “Uma paralisia coletiva tomou conta da comunidade internacional. Parece não haver adultos na sala. Esperávamos ver, há algumas semanas, uma reunião de emergência de líderes globais para elaborar um plano de ação comum. Os líderes do G7 conseguiram organizar uma videoconferência apenas nesta semana, e não resultou em nenhum plano desse tipo”, falou.

Ele exemplificou a falta de união citando os Estados Unidos, que geralmente ocupam o posto de liderança em crises globais. O presidente dos EUA, Donald Trump, falou Harari, deixou todos na Alemanha espantados ao supostamente oferecer US$ 1 bilhão a uma empresa farmacêutica do país, com o objetivo de comprar os direitos de monopólio de uma nova
vacina contra o Covid-19.

Diante desse cenário de competição global mesmo no meio de uma pandemia, disse o escritor, a sociedade precisa escolher entre o caminho da desunião, exemplificado pelas atitudes do governo norte-americano, ou o caminho da solidariedade global.

Se escolhermos a desunião, isso não apenas prolongará a crise, mas provavelmente resultará em catástrofes ainda piores no futuro. Se escolhermos a solidariedade global, será uma vitória não apenas contra o coronavírus, mas contra todas as futuras epidemias e crises que possam assaltar a humanidade no século XXI”, finalizou.

Fonte: livecoins