segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Livro dos Mortos - Necronomicon.

O Necronomicon (Livro de Nomes Mortos) também conhecido por Al Azif (Uivo dos Demônios Noturnos), foi escrito por Abdul Alhazred por volta de 730 d.C. em Damasco. Ao contrário do que se pensa, não se trata somente de um compilado de rituais e encantos, e sim de uma narrativa dividida em sete volumes numa linguagem obscura e abstrata. Alguns trechos isolados descrevem rituais e fórmulas mágicas, de forma que o iniciado tenha uma ideia mais clara dos métodos de evocações utilizados. Além de abordar também as civilizações antediluvianas e mitologia antiga, tendo sua provável base no Gênese, no Apocalipse de São João e no apócrifo Livro de Enoch. Reúne um alfabeto de 21 letras, dezenove "chaves" (invocações) em linguagem enochiana, mais de l00 quadros mágicos compostos de até 240 caracteres, além de grande conhecimento oculto.

Segundo o Necronomicon, muitas espécies além do gênero humano habitaram a Terra. Estes seres denominados "Antigos" vieram de outras esferas semelhantes ao Sistema Solar. São sobre-humanos detentores de poderes devastadores, e sua evocação só é possível através de rituais específicos descritos no Livro. Até mesmo a palavra árabe para designar “antigo’’, é derivado do verbo hebreu “cair’’, portanto seriam “Anjos Caídos”.

O autor do Necronomicon Abdul Alhazred, nasceu em Sanna no Iêmen. Em busca de sabedoria, vagou de Alexandria ao Pundjab passando muitos anos no deserto despovoado do sul da Arábia. Alhazred dominava vários idiomas e era um excelente tradutor. Possuía também habilidades como poeta, o que proporcionava um aspecto dispersivo em suas obras, incluindo o Necronomicon. Abdul Alhazred era familiarizado com a filosofia do grego Proclos, além de matemática, astronomia, metafísica e na cultura de povos pré-cristãos como os egípcios e os caldeus. Durante suas sessões de estudo, o sábio acendia um incenso que combinava várias ervas, entre elas o ópio e o haxixe.

Alhazred adaptou a interpretação de alguns neoplatonistas sobre o Necronomicon. Um grupo de anjos enviado para proteger a Terra tomou as mulheres humanas como suas esposas, procriando e gerando uma raça de gigantes que se pôs a pecar contra a natureza, caçando aves, peixes, répteis e todas as bestas da Terra, comendo a carne e bebendo o sangue uns dos outros. Os anjos caídos lhes ensinaram a confeccionar jóias, armas de guerra e cosméticos; além de encantos, astrologia e outros segredos.

Existe uma grande semelhança dos personagens e enredos das narrações do Necronomicon em diversas culturas. O mito escandinavo do Apocalipse Ragnarok é sugerido em certas passagens do Livro; além dos Djins Árabes e Anjos Hebraicos que seriam versões dos Deuses Escandinavos citados. Este conceito também é análogo a tradição judaica dos Nephilins.

Uma tradução latina do Necronomicon foi feita em 1487 pelo padre alemão Olaus Wormius, que era secretário do inquisidor-mor da Espanha Miguel Tomás de Torquemada. É provável que Wormius tenha obtido o manuscrito durante a perseguição aos mouros. O Necronomicon deve ter exercido grande fascínio sobre Wormius, para levá-lo a arriscar-se em traduzi-lo numa época e lugar tão perigosos. Uma cópia do livro foi enviada ao abade de Spanhein João Tritêmius, acompanhada de uma carta que continha uma versão blasfema de certas passagens do Gênese. Por sua ousadia, Wormius foi acusado de heresia e queimado juntamente com as cópias de sua tradução. Porém, especula-se que uma cópia teria sobrevivido à inquisição, conservada e guardada no Vaticano.

O percurso histórico do Necronomicon continua em 1586, quando o mago e erudito, Jonh Dee anuncia a intenção de traduzi-lo para o idioma inglês, tendo como base a versão latina de Wormius. No entanto, o trabalho de Dee nunca foi impresso mas chegou até as mãos de Elias Ashmole (1617-1692), estudioso que os reescreveu para a biblioteca de Bodleian, em Oxford. Assim, os escritos de Ashmole ficaram esquecidos por aproximadamente 250 anos, quando o mago britânico Aleister Crowley (1875-1947), fundador da seita religiosa “Thelema” os encontrou em Bodleian. A Thelema é regida pelo “Livro da Lei”, poema dividido em três capítulos onde fica evidente o plagio da obra de Jonh Dee. No ano de 1918, Crowley conhece a modista Sônia Greene e passa alguns meses em sua companhia.

Sônia Greene conhece o escritor Howard Phillip Lovecraft em 1921, e casam-se em 1924. Neste período o autor lança o romance “A Cidade Sem Nome” e o conto “O Cão de Caça”, onde menciona Abdul Alhazred e o Necronomicon. Em 1926, um trecho da obra “O Chamado de C`Thullu” menciona partes do “Livro da Lei” de Crowley. Portanto, o ressurgimento contemporâneo do Necronomicon deve-se a H. P. Lovecraft, apesar de não haverem evidências de que o escritor tivesse acesso ao Livro dos Nomes Mortos.

Outras suposições aludem á outras cópias, que teriam sido roubadas pelos nazistas na década de 30. Ainda nesta hipótese, haveria uma cópia do manuscrito original feita com pele e sangue dos prisioneiros dos campos de concentração, que na 2ª Guerra foi escondida em Osterhorn, uma região montanhosa localizada próxima a Salzburgo.

Atualmente, não é provável que ainda exista um manuscrito árabe do Necronomicon. Uma grande investigação levou à uma busca na Índia, no Egito e na biblioteca de Mecca, mas sem sucesso.




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