A construção da narrativa é marcada pela introspecção e por uma sensibilidade quase crua, revelando uma protagonista que tenta se encontrar enquanto lida com desejos contraditórios, inseguranças e padrões sociais que moldam — e às vezes deformam — a própria percepção de si.
A história se desenrola a partir de um ponto de vista íntimo, no qual a protagonista expõe tanto suas falhas quanto sua vulnerabilidade. Gray não idealiza o amor, a carreira ou a vida adulta; ao contrário, desmonta essas ilusões com observações precisas e, por vezes, dolorosamente verdadeiras. A escrita mescla humor ácido e melancolia, criando um retrato de alguém que tenta se firmar em um mundo que parece sempre exigir mais do que ela pode dar. A autora destaca o contraste entre quem somos e quem projetamos ser, explorando o abismo emocional que surge quando percebemos que nossas próprias expectativas sobre nós mesmos podem ser mais opressoras do que as alheias.
O romance também joga luz sobre a dualidade entre o pertencimento e a solidão. A protagonista busca conexão, mas constantemente se depara com sentimentos de deslocamento, como se estivesse sempre à margem das experiências que deseja viver. Esse conflito interno se reflete em seus relacionamentos — afetivos, familiares e profissionais — que funcionam como superfícies espelhadas, devolvendo-lhe tanto seus medos quanto suas possibilidades de mudança. Gray trabalha isso com sutileza, evitando respostas fáceis e apostando na ambiguidade que marca a vida real.
Outro aspecto marcante é a crítica à ideia de “vida ideal”, construída pelas redes sociais, pelas pressões familiares e pela comparação constante com os outros. Em vez de guiar a narrativa para uma superação completa, a autora prefere mostrar o processo de aprendizagem, que implica tropeços, recaídas e pequenas conquistas. É nesse ritmo mais humano e realista que o livro encontra sua força: no reconhecimento de que crescer não é atingir um destino, mas aprender a lidar com as zonas de sombra que fazem parte de qualquer existência.
“Tudo o que Não Somos” se destaca pela sua honestidade emocional e pela habilidade de narrar o cotidiano com profundidade. A obra provoca reflexões sobre identidade, desejo, fragilidade e autoconhecimento, convidando o leitor a olhar para as próprias contradições com menos julgamento e mais empatia. É um livro que não busca oferecer respostas simplistas, mas sim iluminar o que existe entre o que somos, o que fingimos ser e o que ainda podemos nos tornar.
Um retratos de milhares de pessoas que chegam a essa fase ou que se veêm nesse paradoxo.
A pensadora
Os seres humanos me assombram.(Markus Zusak)
domingo, 7 de dezembro de 2025
domingo, 23 de novembro de 2025
Duas coroas retorcidas (O pastor rei - livro 2) - Rachel Gillig
NESTA CONCLUSÃO INICIADA POR "UMA JANELA SOMBRIA", ELSPETH DEVE ENFRENTAR AS CONSEQUÊNCIAS DE SUAS AÇÕES ENQUANTO ELA E RAVYN EMBARCAM EM UMA PERIGOSA BUSCA PARA SALVAR O REINO.
O reino de Blunder, dominado por uma magia sombria e um rei tirano, está em perigo. Elspeth e Ravyn conseguiram reunir a maior parte das doze Cartas da Providência, porém ainda falta a última — e mais importante delas, a Carta dos Anciões Gêmeos. O problema é que ninguém nunca a viu.
Para encontrar a última carta e salvar o reino em tempo hábil, eles precisarão viajar por meio da bruma e enfrentar perigos nunca antes vistos. O único que pode salvá-los de si mesmos é o monstro que habita a cabeça de Elspeth, o Pesadelo. E ele está ansioso para se libertar.
Uma história de vingança, delicadeza e força.
domingo, 16 de novembro de 2025
Laços de sangue - Jo Nesbø
A obra desenvolve a tensão típica do autor: crimes brutais que servem como porta de entrada para conflitos muito mais profundos. Nesbø utiliza cada assassinato, pista ou reviravolta como uma maneira de questionar quem somos quando somos levados ao limite. Em Laços de Sangue, isso aparece sobretudo na forma como o passado retorna para assombrar os personagens, revelando que ninguém está verdadeiramente livre de suas escolhas — nem mesmo o herói aparentemente mais competente.
A atmosfera é densa, marcada por descrições sombrias e um ritmo que oscila entre silêncio perturbador e explosões de ação. A relação entre personagens — sejam parceiros de trabalho, criminosos ou vítimas — é sempre mais complexa do que o esperado. O título se justifica não apenas pelos vínculos familiares literais, mas pelos elos invisíveis de responsabilidade e obsessão que puxam cada figura para dentro da teia central da trama.
Nesbø também utiliza o cenário como ampliação do drama humano: cidades frias, ruas enevoadas e ambientes tensos servem de metáfora para a própria solidão moral dos envolvidos. Harry Hole, como sempre, funciona como o espelho quebrado da história. Suas fragilidades — alcoolismo, culpa, impulsividade — contrastam com sua capacidade quase sobrenatural de enxergar padrões que ninguém mais vê. Isso cria um herói que nunca é idealizado, apenas profundamente humano.
Ao longo da obra, o suspense cresce de forma orgânica, construído peça por peça, enquanto o autor joga com a expectativa do leitor. Nada é óbvio. As motivações dos personagens — tanto os que buscam justiça quanto os que fogem dela — são reveladas lentamente, sempre com camadas adicionais que ampliam o impacto emocional.
No fim, Laços de Sangue não é apenas sobre desvendar um crime: é sobre compreender até onde os laços — familiares, psicológicos ou traumáticos — podem nos levar. Jo Nesbø cria um retrato contundente da violência que nasce das relações humanas e da fragilidade que conecta cada personagem ao outro, mesmo quando eles tentam desesperadamente se afastar. É um livro que fica reverberando na mente, tanto pela tensão quanto pelos questionamentos que provoca.
domingo, 9 de novembro de 2025
A depressão é uma borboleta azul - Sabrine Cantele
Sabrine mergulha em um turbilhão de emoções poéticas que exploram o labirinto da mente em busca de luz. Neste livro, a autora tece palavras como fios de esperança, revelando as aflições do mal do século, mas também a força inabalável da resiliência. Através de versos delicados, a obra conduz o leitor por uma jornada íntima de dor e superação, oferecendo conforto e inspiração para aqueles que enfrentam adversidades. Do abismo à ascensão, cada poema é um lembrete de que, mesmo nas sombras, há uma borboleta azul esperando para desabrochar. Com uma linguagem cativante e profunda, este livro é um farol para os que navegam pelas águas turbulentas da depressão, lembrando-os de que a luz sempre encontra um caminho.
domingo, 2 de novembro de 2025
Cine Pipoca #032
Olá pensadores e cinéfilo de plantão, selecionei alguns dos melhores longas que estão em cartaz nos cinemas. Vamos ver!
Quinze anos após os eventos de Tron: Legacy, as corporações ENCOM e Dillinger Systems disputam uma descoberta chamada “código da permanência”, que permitiria que programas digitais existissem de forma duradoura no mundo real. Ares, um programa-soldado altamente avançado criado pela Dillinger Systems, é enviado ao mundo humano para capturar esse código. Mas, ao entrar no mundo real, Ares começa a questionar sua programação e a desenvolver consciência própria.
Uma professora universitária se vê em uma encruzilhada ética e profissional quando uma das alunas acusa um colega professor de agressão sexual. Ao mesmo tempo, um segredo seu do passado ameaça vir à tona, colocando à prova seus valores, lealdades e convicções.
Criado entre galinhas, Pena Dourada é uma águia que acredita não saber voar. Mas, junto de sua irmã Catraca, ele embarca em uma aventura até Bird City, onde irá explorar o mistério de seu nascimento. Lá, descobre familiares e verdades ocultas sobre sua origem, enquanto se vê diante de uma batalha histórica entre águias e galinhas. Para Pena Dourada, o futuro reserva escolhas que mudarão seu destino para sempre.
Totto-chan, uma menina de 7 anos, é expulsa de sua escola tradicional por ser considerada “problemática”. Ela então ingressa na Tomoe Gakuen, uma escola de métodos pouco convencionais, onde crianças têm mais autonomia e liberdade. No Japão, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, Totto-chan vive essa nova experiência e aprende sobre empatia, responsabilidade e amizade — especialmente através do vínculo com um colega com poliomielite.
Você pode gostar de: Cine Pipoca 031.
domingo, 26 de outubro de 2025
O peso do pássaro morto - Aline Bei.
A protagonista deste livro não tem nome. Aos oito anos, ela tem um corpo que brinca, sonha e ama. Tem pais que se preocupam com ela. Tem uma melhor amiga com quem se diverte durante os intervalos da escola. Tem como vizinhos uma senhora querida que cozinha o melhor pudim do mundo e um enigmático benzedeiro de óculos escuros que cura tudo em um passe de mágica. Tem, sobretudo, um futuro repleto de possibilidades pela frente.
Porém, uma série de acontecimentos lhe ensina muito cedo sua falta de controle diante da imprevisibilidade da morte. Brutais e implacáveis, essas perdas logo passam a fazer parte de quem ela é. Anos mais tarde, com as cicatrizes dos traumas de infância inscritas no corpo, a protagonista é vítima de uma violência que mais uma vez a mudará para sempre. Em meio a muitas dores, mas também a pequenos momentos de delicadeza, essa mulher amadurece tentando entender seu lugar em um mundo — que parece relembrá-la, em igual medida, de sua fragilidade e de sua força.
Publicado pela primeira vez em 2017, O peso do pássaro morto se tornou um dos maiores fenômenos da literatura contemporânea, e se destaca por seu estilo híbrido entre a prosa e a poesia. Nessa estreia arrebatadora, Aline Bei faz uma investigação universal da existência humana, de nossa busca por afeto e de como os nossos sofrimentos — nem sempre nomeáveis — nos tornam quem somos.
"Nesta obra, todos aqueles que, em suas solidões, temem a morte, encontrarão o que há de mais indelével na existência: perceber-se humano ao sentir o peso que o outro suporta. Uma escrita que nos permite experienciar diversas maneiras de se findar — como um ensaio, como a pele que testa a quentura da água — pela escolha de continuar lendo, e sentindo, a beleza de chorar as dores de uma personagem. Aline Bei, aqui, nos entrega seu legado." — Jarid Arraes
"O peso do pássaro morto é um marco da ficção contemporânea brasileira. Aline Bei constrói a leveza e o peso de viver por meio de uma linguagem exuberante. Uma narrativa magistral sobre a perda, a solidão e a passagem do tempo." — Jeferson Tenório.
domingo, 19 de outubro de 2025
Círculo dos dias - Ken Follett
O livro Círculo dos Dias, de Ken Follett, é uma das obras mais recentes do autor e marca uma nova incursão na ficção histórica, explorando a origem da civilização humana e a força das ideias que moldam o mundo. Ambientado num passado distante, inspirado pelos mistérios que cercam monumentos como Stonehenge, o romance acompanha personagens que vivem num tempo em que fé, natureza e sobrevivência se misturam de forma inseparável. Follett constrói uma narrativa envolvente, que combina drama humano, conflito social e a eterna busca pelo sentido da existência.
A história gira em torno de Joia, uma sacerdotisa que tem visões sobre a construção de um círculo de pedras capaz de unir seu povo e simbolizar a ligação entre os homens e o divino. Essa visão, porém, exige mais do que inspiração: demanda trabalho coletivo, superação de medos e resistência diante da adversidade. Ao seu redor, outros personagens ganham destaque, como Seft, um mineiro determinado que viaja pela Grande Planície em busca de Neen, sua amada e irmã de Joia. A trajetória de Seft o coloca diante de um dilema entre o amor e o dever, entre o mundo prático e o espiritual.
Follett constrói esses personagens como representações das forças que movem a humanidade: o sonho e o esforço, a fé e o conflito, a emoção e a razão. Joia é o símbolo da inspiração e da crença na transcendência, enquanto Seft representa o homem comum, aquele que transforma a visão em realidade através do trabalho e da coragem. Essa oposição cria um equilíbrio narrativo que reflete a própria natureza humana — dividida entre a vontade de criar algo eterno e a necessidade de sobreviver ao presente.
O contexto da obra é marcado por escassez, seca e tensões entre comunidades com modos de vida diferentes: pastores, agricultores e habitantes das florestas. Essas diferenças culturais e econômicas tornam a convivência difícil e levantam questões sobre o poder, a liderança e a cooperação. O sonho de Joia de construir o círculo de pedras torna-se um espelho para os desafios humanos de viver em sociedade — a dificuldade de unir o coletivo em torno de um ideal comum, o medo da mudança e o conflito entre tradição e inovação.
A seca, elemento constante no enredo, funciona quase como um personagem: é a força da natureza que põe à prova a fé das pessoas, expõe suas limitações e obriga-as a escolher entre a esperança e o desespero. Follett usa o clima como metáfora para os tempos de crise — sejam eles antigos ou contemporâneos — mostrando que os grandes feitos da humanidade nascem justamente da adversidade. É quando tudo parece ruir que surge a necessidade de criar, acreditar e construir.
Ao longo do livro, o leitor é levado a refletir sobre a essência da civilização. O monumento sonhado por Joia não é apenas uma construção física, mas uma tentativa de eternizar o espírito humano, de deixar uma marca que ultrapasse o tempo e a morte. Follett sugere que o impulso de erguer monumentos e de contar histórias é o que define o ser humano — a busca por significado e por permanência. O círculo de pedras, nesse sentido, é tanto símbolo de fé quanto de identidade: representa o início da consciência de que, juntos, os homens podem construir algo que dure para sempre.
Ken Follett demonstra mais uma vez sua maestria em unir narrativa envolvente e profundidade histórica. Assim como em obras como Os Pilares da Terra, ele mostra que o progresso humano nasce do entrelaçamento entre sonho e esforço, entre inspiração e suor. Círculo dos Dias é uma celebração da imaginação, mas também um lembrete do preço que se paga por transformar ideias em realidade. O autor parece nos dizer que cada avanço da humanidade — seja uma catedral, um monumento ou uma simples pedra erguida em homenagem ao sol — é resultado de fé, sacrifício e da capacidade de sonhar coletivamente.
Mais do que uma história sobre o passado, o romance reflete o presente. As divisões entre povos, as mudanças climáticas e os desafios da convivência continuam a nos acompanhar. Assim, o livro de Follett se transforma em um espelho da condição humana: o círculo de pedras de Joia é, simbolicamente, o círculo dos dias que se repetem, das esperanças que renascem e dos sonhos que nos mantêm de pé. Em última instância, Círculo dos Dias é uma homenagem à força que nos faz construir, acreditar e continuar, mesmo quando tudo ao redor parece desabar.
A história gira em torno de Joia, uma sacerdotisa que tem visões sobre a construção de um círculo de pedras capaz de unir seu povo e simbolizar a ligação entre os homens e o divino. Essa visão, porém, exige mais do que inspiração: demanda trabalho coletivo, superação de medos e resistência diante da adversidade. Ao seu redor, outros personagens ganham destaque, como Seft, um mineiro determinado que viaja pela Grande Planície em busca de Neen, sua amada e irmã de Joia. A trajetória de Seft o coloca diante de um dilema entre o amor e o dever, entre o mundo prático e o espiritual.
Follett constrói esses personagens como representações das forças que movem a humanidade: o sonho e o esforço, a fé e o conflito, a emoção e a razão. Joia é o símbolo da inspiração e da crença na transcendência, enquanto Seft representa o homem comum, aquele que transforma a visão em realidade através do trabalho e da coragem. Essa oposição cria um equilíbrio narrativo que reflete a própria natureza humana — dividida entre a vontade de criar algo eterno e a necessidade de sobreviver ao presente.
O contexto da obra é marcado por escassez, seca e tensões entre comunidades com modos de vida diferentes: pastores, agricultores e habitantes das florestas. Essas diferenças culturais e econômicas tornam a convivência difícil e levantam questões sobre o poder, a liderança e a cooperação. O sonho de Joia de construir o círculo de pedras torna-se um espelho para os desafios humanos de viver em sociedade — a dificuldade de unir o coletivo em torno de um ideal comum, o medo da mudança e o conflito entre tradição e inovação.
A seca, elemento constante no enredo, funciona quase como um personagem: é a força da natureza que põe à prova a fé das pessoas, expõe suas limitações e obriga-as a escolher entre a esperança e o desespero. Follett usa o clima como metáfora para os tempos de crise — sejam eles antigos ou contemporâneos — mostrando que os grandes feitos da humanidade nascem justamente da adversidade. É quando tudo parece ruir que surge a necessidade de criar, acreditar e construir.
Ao longo do livro, o leitor é levado a refletir sobre a essência da civilização. O monumento sonhado por Joia não é apenas uma construção física, mas uma tentativa de eternizar o espírito humano, de deixar uma marca que ultrapasse o tempo e a morte. Follett sugere que o impulso de erguer monumentos e de contar histórias é o que define o ser humano — a busca por significado e por permanência. O círculo de pedras, nesse sentido, é tanto símbolo de fé quanto de identidade: representa o início da consciência de que, juntos, os homens podem construir algo que dure para sempre.
Ken Follett demonstra mais uma vez sua maestria em unir narrativa envolvente e profundidade histórica. Assim como em obras como Os Pilares da Terra, ele mostra que o progresso humano nasce do entrelaçamento entre sonho e esforço, entre inspiração e suor. Círculo dos Dias é uma celebração da imaginação, mas também um lembrete do preço que se paga por transformar ideias em realidade. O autor parece nos dizer que cada avanço da humanidade — seja uma catedral, um monumento ou uma simples pedra erguida em homenagem ao sol — é resultado de fé, sacrifício e da capacidade de sonhar coletivamente.
Mais do que uma história sobre o passado, o romance reflete o presente. As divisões entre povos, as mudanças climáticas e os desafios da convivência continuam a nos acompanhar. Assim, o livro de Follett se transforma em um espelho da condição humana: o círculo de pedras de Joia é, simbolicamente, o círculo dos dias que se repetem, das esperanças que renascem e dos sonhos que nos mantêm de pé. Em última instância, Círculo dos Dias é uma homenagem à força que nos faz construir, acreditar e continuar, mesmo quando tudo ao redor parece desabar.
domingo, 12 de outubro de 2025
As gêmeas de Auschwitz - Eva Mozes Kor
Em seu relato, Eva descreve com detalhes o sofrimento físico e psicológico que enfrentou dentro do campo. As gêmeas foram submetidas a injeções misteriosas, exames dolorosos e condições desumanas, vivendo sob constante medo de morrer. Apesar de tudo, Eva demonstra uma força impressionante e um profundo instinto de sobrevivência, lutando não apenas pela própria vida, mas também pela de sua irmã. A esperança e a determinação se tornam suas maiores armas diante da crueldade e da perda.
Após a libertação de Auschwitz, em 1945, Eva e Miriam iniciam uma longa jornada para reconstruir suas vidas. O trauma causado pelas experiências no campo de concentração as acompanhou por toda a vida, mas Eva escolheu seguir um caminho inesperado: o do perdão. Décadas depois, ela decidiu perdoar publicamente os nazistas que a haviam torturado, não como um ato de esquecimento ou aceitação, mas como uma forma de libertar-se do ódio e da dor. Esse gesto causou controvérsia, mas também revelou uma mensagem poderosa sobre cura, humanidade e superação.
As Gêmeas de Auschwitz é mais do que um testemunho histórico, é uma lição de vida. O livro mostra o quanto o ser humano é capaz de resistir, mesmo diante da barbárie, e como a resiliência pode transformar a dor em aprendizado. Ao compartilhar sua história, Eva Mozes Kor não apenas preserva a memória do Holocausto, mas também inspira o leitor a refletir sobre a importância do perdão, da empatia e da paz. Sua mensagem final é clara e profunda: mesmo diante do mal extremo, a esperança e a coragem podem prevalecer.
domingo, 28 de setembro de 2025
Alchemised - SenLinYu
Livro de SenLinYu narra a história sombria de uma mulher sem memórias tentando sobreviver em um mundo dominado por necromancia e seres malignos.
Helena Marino é uma prisioneira de guerra ― e também da própria mente. Outrora considerada uma alquimista de futuro promissor, ela viu o mundo ruir e seus poderes se esvaírem quando seus aliados foram brutalmente assassinados. Após um longo e violento conflito, Paladia tem uma nova classe dominante, formada por guildas corruptas e necromantes depravados. Suas criaturas vis e mortas-vivas foram essenciais para a vitória na guerra, e o uso da necromancia se tornou o modus operandi. Os novos governantes mantêm Helena em cativeiro. De acordo com os registros, ela era uma figura de pouca importância na hierarquia. Mas, quando seus carcereiros descobrem que a memória da prisioneira foi alterada, surge a dúvida se o papel dela na Resistência era tão irrelevante quanto se imaginava. Talvez o esquecimento esconda algo poderoso, o gatilho para uma ofensiva derradeira. Para revelar o que as profundezas sombrias de sua memória ocultam, a mulher é enviada ao comando de um dos mais implacáveis necromantes do novo mundo. Aprisionada em meio a ruínas, Helena luta para proteger seu passado perdido e preservar os últimos resquícios de quem foi um dia. Mas o martírio está apenas começando, pois sua prisão e seu captor têm os próprios segredos… E ela terá que desvendá-los. Custe o que custar.
"... A guerra acabou.
O que acha que está protegendo
dentro desse seu cérebro?
Holdfast está morto.
A Chama Eterna foi extinta.
Não há mais ninguém para você salvar.”
domingo, 21 de setembro de 2025
O idiota - Fiódor Dostoiévski - Edição especial
Escrito originalmente em formato de folhetim, O idiota narra as desventuras do jovem epilético príncipe Míchkin. Dotado de uma pureza ímpar e expressando-se com sinceridade, este personagem choca-se com uma Rússia secular e desencantada, distante dos ideais cristãos de generosidade e movida por uma busca incessante por dinheiro e status.
Ao retornar a São Petersburgo após um tratamento médico, Míchkin envolve-se em triângulos amorosos da alta sociedade, centrados na disputa pela atenção de Nastássia Filíppovna, uma beldade multifacetada, muitas vezes interpretada como louca pelos homens que a cortejam. Apesar das boas intenções, a presença do príncipe provoca uma série de conflitos que dinamitam aquele círculo social dependente de aparências.
Em parte romance de ideias, em parte romance de costumes, que trata do nacionalismo russo e de um contexto sócio-histórico específico, a prosa de Dostoiévski reluz, em especial, ao contrapor o idealismo de Míchkin com o niilismo individualista de Ippolit, um rapaz tuberculoso despreocupado com a ética de suas ações.
Este livro oferece a análise severa e complexa que o mestre russo faz de uma sociedade moderna que perdeu seu norte moral ― crítica que se mostra relevante até hoje, no capitalismo tardio. Afinal, que espaço há para as boas ações, a compaixão e a caridade em um mundo onde o dinheiro é a força motriz? As agruras do protagonista representam com agudeza a visão desoladora que Dostoiévski tinha de seu entorno, o que levou o escritor a defender as ideias contidas no romance até o fim de sua vida.
“Nada fica fora do terreno de Dostoiévski (…) Tirando Shakespeare, não existe leitura mais interessante.” ― Virginia Woolf.
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