domingo, 24 de novembro de 2024

Ainda estou aqui - Marcelo Rubens Paiva.



Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras.

Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento obscuro da história recente brasileira para contar ― e tentar entender ― o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai.

Verão de 1971. Eunice Paiva, recentemente liberada de um período de prisão e interrogatório de doze dias no DOI-Codi, no Rio de Janeiro, passa uma curta temporada com amigos em Búzios. Segundo Antonio Callado, ela respirava aliviada; o próprio ministro da Justiça havia lhe garantido que seu marido, Rubens Beyrodt Paiva, “já tinha sido interrogado, passava bem e dentro de uns dois dias estaria de volta a sua casa”. Rubens Paiva, no entanto, capturado por homens da Aeronáutica em 20 janeiro de 1971, foi t0rturado, morto e seu corpo nunca mais foi encontrado. “A cara de Eunice”, escreve Callado, “continuou molhada e salgada durante muito tempo, tal como naquela manhã de Búzios. A água é que não era mais do mar.”

Neste livro, Marcelo Rubens Paiva faz um retrato emocionante de Eunice, sua mãe, e pela primeira vez traça uma história dramática do que ocorreu — e do que pode ter ocorrido — com Rubens Paiva. “Meu pai, um dos homens mais simpáticos e risonhos que Callado conheceu, morria por decreto, graças à Lei dos Desaparecidos, vinte e cinco anos depois de ter morrido por t0rtura”, narra ele, neste livro magistral. Eunice “ergueu o atestado de óbito para a imprensa, como um troféu. Foi naquele momento que descobri: ali estava a verdadeira heroína da família; sobre ela que nós, escritores, deveríamos escrever”.

domingo, 17 de novembro de 2024

O Ano das Bruxas - Alexis Henderson.



Ambientado na cidade de Betel, onde a palavra do Profeta é lei e qualquer fruto de um relacionamento interracial é uma blasfêmia. Na trama, Immanuelle, tida por muitos como uma jovem amaldiçoada por causa dos pecados da mãe. Ela faz de tudo para seguir o Protocolo Sagrado e levar uma vida de obediência, devoção e conformidade, como todas as outras mulheres da cidade. Ainda assim, Immanuelle lê em segredo, esquece de fazer as preces antes de dormir, tem devaneios durante os deveres diários e por vezes não demonstra a gratidão esperada.

Quando um acidente a leva até a Mata Sombria, onde o primeiro Profeta perseguiu e matou quatro bruxas poderosas, Immanuelle se encontra com os espíritos dessas bruxas, que a presenteiam com o antigo diário de sua mãe. Quanto mais ela lê, mais compreende a injustiça da sociedade em que vive: as hipocrisias da Igreja e do Profeta, as desigualdades sociais e de gênero, as leis antiéticas e corruptas. E entende que, se Betel precisa mudar, a mudança deve começar com ela.

Criada à base de livros de fantasmas e histórias populares sulistas, a autora estreante Alexis Henderson apresenta uma história sangrenta e visceral, permeada por divindades ― algumas figuras conhecidas da bruxaria, outras criadas por ela própria ―, sacrifícios de sangue e pragas.

Evocando histórias como o romance O Conto da Aia, de Margaret Atwood, e o filme A Bruxa, do diretor Robert Eggers, O Ano das Bruxas é uma aventura poderosa protagonizada por uma heroína gentil, corajosa e idealista. Uma história sobre a luta de uma jovem para revolucionar um sistema que, por anos a fio, usou a religião como desculpa para cometer abusos, vitimizar e traumatizar mulheres. Betel é um mundo fictício, mas as injustiças e desafios vividos pelas mulheres são reais.

domingo, 3 de novembro de 2024

Cine Pipoca #030

Mais um ano se passa com grandes produções no universo cinematográfico. Veja abaixo uma amostra do que teremos para este fim de ano.


Um conflito entre César, um artista genial que busca saltar para um futuro utópico e idealista, e seu opositor, o prefeito Franklyn Cicero, que permanece comprometido com um status quo regressivo, perpetuando a ganância.


No início da década de 1970, o Brasil enfrenta o endurecimento da ditadura militar. No Rio de Janeiro, a família Paiva - Rubens, Eunice e seus cinco filhos - vive à beira da praia em uma casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice - cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas - é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos.


A épica aventura acompanha a jornada de uma robô – a unidade ROZZUM 7134, “Roz” – que naufraga em uma ilha desabitada e precisa aprender a se adaptar ao ambiente hostil, construindo pouco a pouco relacionamentos com os animais nativos, e até adotando um filhotinho de ganso órfão.


Moana viaja para os mares distantes depois de receber uma ligação inesperada de seus ancestrais.

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