Com este seu primeiro romance, José Falero já se apresenta como um dos nomes mais relevantes da nova literatura brasileira. Ao criar um narrador culto e perspicaz ― que contrasta com o dialeto a um só tempo urbano e filosófico da periferia ―, o autor mostra seu talento incomum, fazendo uma verdadeira arqueologia da pobreza. Falero nos leva direto ao supermercado Fênix, na região central de Porto Alegre. É ali que trabalham Pedro e Marques, dupla que aos poucos veste a carapuça de um Dom Quixote e de um Sancho Pança amotinados. Moradores de "vila" (a favela no Sul), eles invertem o jogo mesmo que as consequências sejam graves. "Preciso dar um jeito de experimentar as coisa que faz a existência valer a pena, e não vai ser trabalhando que eu vou conseguir isso." Os dois conhecem pessoas que traficam na periferia onde moram, por isso insistem em se manter na legalidade. Mas, diante de uma "seca" de maconha devido ao desinteresse dos traficantes em comercializá-la, e já cansados da exploração do trabalho, os dois amigos decidem entrar para o tráfico. É a única opção para melhorar de vida. E também uma recusa à desumanização do trabalho assalariado. Uma recusa a todo o processo de exploração.
Os supridores é, assim como O avesso da pele, de Jeferson Tenório, Marrom e amarelo, de Paulo Scott, e Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, resultado de uma geração contemporânea de escritores que, apesar das diferenças narrativas e das influências literárias, têm em comum o foco na discussão do racismo e da desigualdade social no Brasil. “Cada um deles tem sua própria carga de inconformismo, mas o Falero possui um tom irônico que lhe é próprio. Ele leva a discussão a sério, mas sabe que é possível rir disso também”, explica Leandro Sarmatz, editor responsável por encontrá-lo e levá-lo à Todavia.
Os supridores é, assim como O avesso da pele, de Jeferson Tenório, Marrom e amarelo, de Paulo Scott, e Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, resultado de uma geração contemporânea de escritores que, apesar das diferenças narrativas e das influências literárias, têm em comum o foco na discussão do racismo e da desigualdade social no Brasil. “Cada um deles tem sua própria carga de inconformismo, mas o Falero possui um tom irônico que lhe é próprio. Ele leva a discussão a sério, mas sabe que é possível rir disso também”, explica Leandro Sarmatz, editor responsável por encontrá-lo e levá-lo à Todavia.