Esquecida entre acontecimentos que assombraram o mundo após a 2ª Guerra Mundial, a Guerra da Coreia é uma das passagens mais emblemáticas da tensão entre os EUA e o Oriente. Neste novo estudo, Jörg Friedrich, aclamado com o surpreendente Incêndios, lança um novo olhar sobre este importante episódio da Guerra Fria. Em Yalu, o historiador alemão não se limita a explorar os detalhes deste conflito que quase culminou com a 3ª Guerra Mundial.
A investigação empreendida pelo autor explora os anos anteriores e as consequências deste cenário de extremos conflitos, que revela a fragilidade do Ocidente. “A Guerra da Coreia mostra que as guerras mundiais não começam como tal, mas acabam adquirindo esta condição por motivos imperiosos. O fato de dois dos três partidos conflitantes terem resistido à atração da Terceira Guerra Mundial não pode ser visto como um final feliz, uma vez que o ,mundo, por causa disso, se tornou responsável pelo naufrágio de uma pequena nação”, avalia o autor. Friedrich escolheu para título do livro, o nome do rio – fronteira entre a Coreia e a Manchúria (região da envolve parte da China, Mongólia, Rússia) - que abrigou em sua margem uma das mais sangrentas em importantes batalhas da guerra do Pacífico. “Ao sul do Yalu, foi travada uma guerra ilimitada que engajou, durante três anos, mais de três milhões de soldados.
(...) A fim de evitar a eclosão da Terceira Guerra Mundial, as forças norte-americanas da ONU cuidaram para que a guerra não chegasse à margem norte do Yalu”, (ou seja, outro lado do rio), explica Friedrich. O historiador alemão defende a tese de que a história universal é determinada pelos acontecimentos no Oriente, como as guerras no Pacífico. Segundo ele, a demonstração de força da China, principal responsável pelo conflito na Coreia, revela as limitações do Ocidente, que apesar de possuir armas de destruição em massa, não consegue ditar os rumos da história. “O ocidente há muito não dita o curso dos acontecimentos, destes apenas participando como coadjuvante cada vez mais ameaçado e hostilizado, em termos econômicos, políticos e militares”, afirma o historiador.