domingo, 20 de outubro de 2019
Livro Eterna Vigilância por Edward Snowden
Em 2013, Edward Snowden, ex-analista da CIA (Agência Central de Inteligência) que também trabalhou como agente da NSA (Agência Nacional de Segurança), chocou o mundo ao desmascarar detalhes dos serviços secretos americanos. Snowden revelou que o governo dos Estados Unidos estava sigilosamente desenvolvendo meios para coletar todos os telefonemas, mensagens de texto e e-mails enviados em qualquer país do mundo. O resultado seria um sistema sem precedente de vigilância em massa capaz de se intrometer na vida particular de qualquer pessoa. Uma invasão à privacidade de pessoas e países que feria as liberdades individuais dos cidadãos e de governos. As revelações causaram um mal-estar diplomático entre os Estados Unidos e nações aliadas. Entre os inúmeros documentos que vazou, apareceram vários apontando para o monitoramento de mensagens da então presidenta Dilma Roussef e seus principais assessores e outros mostrando que o governo americano espionava o Ministério de Minas e Energia, a Petrobras e as descobertas do pré-sal. Pivô de um escândalo de proporções globais, Snowden virou da noite para o dia o homem mais procurado do planeta. Considerado inimigo público pelo governo americano e herói por milhões de pessoas, acabou buscando asilo na Rússia, onde vive até hoje. Em Eterna vigilância, ele conta como ajudou a criar este sistema de espionagem mundial e também como atuou para desvendá-lo ao se dar conta dos perigos deste projeto. Afirma não ser contra que os governos coletem informações por medidas de segurança, mas alerta para o risco de se vigiar pessoas da hora em que nascem até a hora que morrerem. E alerta para que todos, homens e mulheres de todas as idades e em todos os países, tenham muito cuidado ao dar um telefonema, mandar uma mensagem de áudio ou digitar dados de sua conta bancária.
domingo, 13 de outubro de 2019
Comentando sobre a série 'Chernobyl' da HBO
A aclamada minissérie americana Chernobyl, sobre a catástrofe nuclear, traz lembranças dolorosas na Rússia, com um realismo tão elogiado quanto criticado por exagerar o papel nefasto das autoridades soviéticas. A HBO transmitiu esta semana o último dos cinco episódios da minissérie, uma imagem implacável do pior acidente nuclear na história civil.
Em 26 de abril de 1986, a explosão do reator número quatro na fábrica de Chernobyl, na Ucrânia soviética, dispersou uma nuvem radioativa na Europa. A URSS tentou por várias semanas esconder o incidente, antes de resolver evacuar a área, inabitável mesmo 30 anos depois. "Os graus de realismo de Chernobyl são mais altos do que na maioria dos filmes russos neste período", reconhece o jornal pró-governo Izvestia. "Acho que é um trabalho de alta qualidade na televisão", disse Susanna Alperina, jornalista cultural do jornal pró-Kremlin Rossiïskaïa Gazeta.
Na Rússia, a série não é transmitida pela televisão, mas é acessível através da plataforma de streaming Amediateka, que ganhou os direitos de muitas séries populares, como Game of Thrones. O trabalho é elogiado porque consegue reproduzir a atmosfera da URSS e às vezes lembra os espectadores russos de sua infância. As filmagens foram feitas entre a Ucrânia e uma antiga usina nuclear soviética na Lituânia, equipada com os mesmos reatores RBMK em Chernobyl.
Feita pelo sueco Johan Renck, Chernobyl tem como personagem principal o vice-diretor do maior centro de pesquisas da URSS. A série concentra-se no heroísmo dos personagens comuns, mas os principais líderes soviéticos, começando por Mikhail Gorbachev, são mostrados como inúteis e mentirosos. A série expressa "respeito e simpatia pelo povo, pelo nosso povo soviético", disse no Facebook a jornalista Ksenia Larina, da rádio independente Echo, em Moscou. "Mas ele expressa muito desdém pelas autoridades que menosprezaram seus cidadãos."
Agora que as relações entre a Rússia e os países ocidentais são as piores desde o fim da Guerra Fria, alguns vêem na série uma crítica injustificada ao regime soviético e um ataque ao poder atual. O popular diário Argumenty i Fakty criticou uma "mentira brilhantemente filmada" que divide o povo soviético entre "executores sanguinários e vítimas inocentes".
Trinta pessoas morreram imediatamente após a explosão do reator número quatro da usina de Chernobyl, e vários milhares de pessoas indiretamente, especialmente entre os encarregados das operações de descontaminação da zona.
A jornalista Susanna Alperina não acredita que há propaganda na série. Pelo contrário, a série "mostra como a propaganda é fabricada, o que é diferente", diz. Alperina acrescenta que "uma visão externa é às vezes mais justa" e destaca o fato de que produções russas similares não foram vistas.
Na Rússia, Chernobyl, também levanta a questão de saber por que um trabalho dessa qualidade nunca foi feito no país. Uma das razões seria o orçamento de séries russas, que não é comparável ao das produções ocidentais. "Talvez as pessoas tenham medo de fazer esse tipo de projeto por medo de que os espectadores não gostem delas, mas é o que elas esperam", diz Susanna Alperina.
Fonte: Estadão
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segunda-feira, 7 de outubro de 2019
Livro Rondon: Uma Biografia - Larry Rohter
Um dos maiores exploradores da história mundial, Cândido Rondon teve uma vida extraordinária. Nesta minuciosa biografia, o jornalista Larry Rohter revela para o leitor a amplitude de seu legado para o país e os povos indígenas.
No início da tarde de 26 de abril de 1914, um grupo de dezenove homens chegou à confluência de dois rios no coração da selva amazônica. Durante meses eles enfrentaram uma sucessão de dificuldades e privações para realizar um feito notável: navegar e mapear um rio ainda desconhecido, chamado rio da Dúvida, porque seu curso e comprimento eram um mistério. Os líderes dessa expedição eram Theodore Roosevelt, ex-presidente dos Estados Unidos, e o brasileiro Cândido Mariano da Silva Rondon, que há mais de vinte anos explorava a região.
Depois que a jornada com Roosevelt chegou ao fim, Rondon continuaria por muitos anos seu importante trabalho, que incluiu o levantamento de rios, montanhas e vales até então ignorados, a instalação de quilômetros de linhas telegráficas, a construção de estradas, pontes e a fundação de povoamentos. Foi também Rondon quem primeiro estabeleceu contatos pacíficos com dezenas de etnias indígenas. Em 1910, fundou o Serviço de Proteção aos Índios, em um esforço de inclusão dos índios ao Estado nacional brasileiro.
Hoje Rondon empresta seu nome a ruas, museus, cidades e até a um estado, Rondônia. O lema que norteou suas expedições e contatos com os povos indígenas “Morrer se preciso for, matar nunca”, porém, se perdeu no tempo, e muitos de seus incríveis feitos como explorador permanecem ignorados.
A grandiosidade de seus feitos inspirou o jornalista Larry Rohter a mergulhar por mais de cinco anos em sua trajetória, oferecendo agora ao leitor brasileiro um livro que redimensiona o lugar de Rondon na história do Brasil.
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